Líderes e integrantes da Mesa do Senado não assumem decisão de contratar 97 assessores

10/07/2008 - 17h40

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A declaraçãodo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), de que foicontrário à autorização para quesenadores contratem mais um assessor, com salário de R$9.979,24, provocou declarações desencontradas de líderes e membros da Mesa Diretora. A medida, alémde abrir a possibilidade de 81 novas contratações, semconcurso público, é extensiva aos gabinetes daslideranças dos partidos representados no Senado.O quarto-secretárioMagno Malta (PR-ES) insinuou que o presidente do Senado mentiu aodizer que foi voto vencido. Irritado com a abordagem dos repórteres,Malta disse que não houve votação da MesaDiretora. “Não éverdade que a decisão foi tomada pela Mesa Diretora. Alguémestá mentindo, não teve votação”,afirmou.O terceiro-secretárioCésar Borges (PR-BA) também tentou debitar o ônusda decisão ao senador Garibaldi Alves Filho. Apressado, oparlamentar falou rapidamente com os jornalistas, andando peloscorredores da Casa. “Não houvevotação da Mesa. Eu não conheço oprojeto, vocês precisam saber qual é o projeto. Vocêsestão sabendo do que estão falando?”, questionou osenador.Diante da insistênciados jornalistas, César Borges disse que foi informado nareunião da Mesa “de que havia uma solicitaçãode todas as lideranças da Casa pedindo a criaçãode mais um cargo”. "A Mesa, então,aquiesceu ao pedido das lideranças”, afirmou.O segundovice-presidente do Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), revelou quena reunião de ontem (9) o primeiro-secretário EfraimMoraes (DEM-PB) teria colocado o assunto em pauta sob o argumento deque se tratava de um pedido das lideranças partidárias.Álvaro Diasadmitiu que nem todos os gabinetes necessitam de mais um assessortécnico em seus quadros. “Se um senador émais atuante acho que é necessário mais um assessor,como também nos gabinetes das lideranças. Mas nãosão todos que precisam”, disse.Procurado, o presidentedo Senado afirmou que todos os seis membros da Mesa foram consultadose apoiaram a decisão de se criar mais um cargo. O senadorreafirmou que foi uma decisão exclusiva da Mesa Diretora e nãodos líderes dos partidos, e que colocou aos colegas ainconveniência em se aprovar a proposta.“Não houvenenhuma votação formal, mas cada um pode ser ouvido, eo que se verificou foi que não encontrei nenhum amparo,nenhuma solidariedade para o meu ponto de vista”, afirmou. Ele ressaltou que nãohá como voltar atrás da decisão, “a nãoser que se desconsidere o que se disse [na reunião daMesa]”.Os líderespartidários ouvidos afirmaram que não tinhamconhecimento de que esse assunto seria tratado agora. Eles revelaramque teriam atendido a um pedido do primeiro-secretário EfraimMoraes. “Não me lembrode ter aprovado projeto nenhum. É possível. Mas seassinei foi porque o Efraim pediu”, disse o líder do PSDB noSenado, Arthur Virgílio (AM).O líder do DEM,José Agripino Maia (RN), do mesmo partido doprimeiro-secretário, também rebateu as declaraçõesdos senadores da Mesa de que o ato seria uma reivindicaçãodas lideranças. “Negativo. Os líderes assinaram umpedido há três meses, para o que aconteceu na Câmara[aumento da verba de gabinete] também acontecesse noSenado. Mas isso parou, não houve pressão dos líderes,foi uma decisão da Mesa”, afirmou.O líder do PMDB,Valdir Raupp (RO), disse que assinou um documento sem saber do que setratava. “Acho que tem um documento antigo que assinei, mas nemsabia o que era. Só soube disso hoje”, afirmou.O líder do PSB,Renato Casagrande (ES), também debitou a responsabilidade aosenador Efraim Moraes. “O Efraim veio atrás da gente[líderes] para colher as assinaturas [para aprovar acontratação de assessores]”, afirmou.A assessoria de EfraimMoraes informou que o parlamentar encontra-se no sertão de seuestado, e por isso não teria como ouvi-lo.As novas contrataçõesvão representar um gasto adicional, por mês, nas contasdo Senado, de R$ 900 mil. Por ano, essa despesa será de R$11,7 milhões.