Diretor da Vale diz que multas foram mal-entendido

10/07/2008 - 18h28

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretorde Sustentabilidade da Vale, Luiz Claudio Castro,contestou hoje (10) as multas de mais de R$ 5 milhõesaplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (Ibama). Ele afirmou que um “erro técnico”da empresa teria levado a distorções encontradas peloIbama.

“Foi umerro técnico associado a um inventário florestal de2005, um equívoco lamentável que gerou ummal-entendido”.

Em 2005,a Vale obteve autorização da Secretaria de MeioAmbiente do Pará para retirar até 11 mil metros cúbicosde madeira, no entanto, retirou menos de um quarto desse total, segundo amineradora.

“OIbama presumiu que o fato de ter um inventário florestalautorizando a retirada de 11 mil metros cúbicos e teremencontrado 2,7 mil metros cúbicos, significa que teríamosvendido os demais. Mas isso não aconteceu. Não éessa a linha de atuação da Vale. Não vivemos demadeira”, disse Castro em entrevista por telefone.

Na avaliação do responsável pela operaçãodo Ibama, Paulo Maués, o possível "erro técnico" não justifica adivergência encontrada pelos fiscais.

"Se a Vale apresentou esse dadopara o órgão ambiental do estado para obter autorização, então houvemá-fé da empresa e ela vai ter que responder por isso", argumentou à Agência Brasil.

Oinventário, segundo Castro, é feito por amostragem,e considera 14% da área total de 358 hectares do empreendimentode mineração de bauxita. “O inventário écomo um senso demográfico, sóque a amostra escolhida na ocasião estava muito longe de sersemelhante ao todo, o que gerou distorções e adiscrepância de números. Era muito concentrada”.

Segundo o coordenador do Ibama, "até que se prove o contrário, está faltando madeira lá". 

Naavaliação do diretor da Vale, o Ibama “foi muitocartesiano” na ação. Castro anunciou que a mineradorairá contratar uma empresa independente para refazer oinventário e, inclusive, verificar se há falhas emoutros documentos para empreendimentos da Vale na região.

“Vamossentar com o Ibama, mostrar os números, demonstrar o queaconteceu, ouvir os pontos de vista. Temos certeza que a multa serácancelada”, disse. “Eventualmente iremos recorreradministrativamente”, acrescentou.

Segundo Paulo Maués, "não há nehuma hipótese" de cancelamento imediato da autuação.

"A multa só pode ser cancelada por meio de processo administrativo", frisou. "Se houve apresentação de dados errados, a empresa vai ter que se explicar judicialmente", acrescentou.

A Valeinformou que os responsáveis pelo “mal-entendido” foramdesligados da empresa.