Convocação de Dantas e Nahas retoma investigação do mensalão, diz deputado tucano

10/07/2008 - 19h26

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A convocação do banqueiro Daniel Dantas, do megainvestidor Naji Nahas e do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Luiz Gushikenpara prestarem depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dasEscutas Telefônicas representa o início da movimentação da oposiçãopara resgatar as investigações do esquema do “mensalão”, segundo o deputado tucano Gustavo Fruet (PR).Questionado sobre a relação entre a CPI dos Correios, que investigou o "mensalão" em 2005 e 2006, e a das Escutas, o deputado respondeu: "Em um segundo momento, sim". Segundo ele, tudo vai depender da atuação da atual CPI e da Comissão de Ciência e Tecnologia, que investiga o pagamento de propina para autoridades brasileiras na época da mudança do controle acionário da Brasil Telecom.Fruet, que é o autor dos requerimentos de convocação da CPI das Escutas, acredita que muitosfatos não chegaram a ser investigados pela CPI dos Correios.A suspeita, de acordo com o deputado, é de que ascorretoras que doaram dinheiro para a campanha de partidos da base dogoverno operavam para Nahas. Existe ainda, segundo ele, asuspeita de que Nahas teria sido o portador de dinheiro que a empresaTelecom Itália supostamente pagou a autoridades brasileiras, comopropina.“Há conexão entre os fatos investigados pela CPI dosCorreios e as investigações realizadas atualmente pela Polícia Federal.São os mesmos fatos apurados, os mesmos personagens e a mesma forma deoperação”, disse o deputado, que foi sub-relator de movimentaçãofinanceira da CPI.A CPI dos Correios investigou um suposto esquema de pagamentode “mensalão” para deputados da base aliada ao governo, interessados, por sua vez, na aprovação de matérias específicas pelo Congresso Nacional.Fruet acredita que não haverá empecilhos jurídicos para o resgate dasinformações. “Já tem decisão do Supremo Tribunal Federal [STF] quepermite esse tipo de ampliação, de resgate das investigações”,destacou.O deputado lembrou que a Corretora Garanhuns,pertencente a Lúcio Bolonha Funaro, um dos presos na operaçãoSatiaghara, figurou entre as empresas investigadas no esquemacoordenado pelo publicitário Marcos Valério, o chamado “Valerioduto”. Aempresa é apontada por ser utilizada para repatriar recursos para oex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, também preso pela PolíciaFederal.“A Garanhuns deu dinheiro para o PL, hoje PR. Oex-diretor da Corretora Bonus-Banval, Breno Fischberg, era operador doNaji Nahas na Bolsa e a Bônus-Banval deu dinheiro para o PP. Fischberge Nahas trabalharam na DTVM na década de 80, no Rio de Janeiro. Emfunção de operações do Naji Nahas na Bolsa do Rio, Fischberg chegou aficar impedido de atuar no mercado financeiro”, relatou Fruet.De acordo com o deputado, a CPI não teve tempo deinvestigar todo o esquema. Ele ressaltou que muitos dados chegaram aofinal das investigações ou até mesmo depois do encerramento dostrabalhos da CPI. “Foram mais de seis milhões de operações bancárias.São mais de R$ 1 trilhão na base de dados da CPI. No máximo 10% dissochegou a ser auditado. Foram mais de 25 milhões de ligaçõestelefônicas”, disse.Os pedidos para que Dantas,Nahas e Gushiken prestem depoimentos à CPI das Escutas Telefônicas, deverão ser apreciados em reunião da CPI, na próxima semana.