Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou hoje (3) que, “devido ao contexto nacional”, pode ser necessário rever a projeção de crescimento da economia em 2009, atualmente previsto em 5%. A revisão seria divulgada em agosto, com o envio ao Congresso do Projeto de Lei Orçamentária Anual. “Acho sustentável [um crescimento da economia] de 4,5% a 5%, mesmos com as atuais pressões inflacionárias oriundas de choques externos e eventuais aquecimentos pontuais de alguns setores”. Segundo o secretário, o Brasil foi afetado pela inflação mundial, gerada por alta de preços de alimentos, aço e petróleo. “Mas”, ressaltou, “isso não quer dizer que vamos assistir impassíveis”. “O Brasil não decide os choques que o afetam. O Brasil decide como responde a esses choques. E nós não deixaremos que esse choque cause uma aceleração, um aumento permanente da inflação e muito menos que prejudique o ciclo de desenvolvimento em curso. Obviamente, exige-se um ajuste de instrumentos, sem mudança de estratégias”, afirmou.Barbosa disse ainda que não gosta da idéia de definir a política econômica em termos de “desenvolvimentistas versus monetaristas”. “Acho que isso só tira o foco. O mais importante, em tempos de crise internacional, é uma união de diferentes visões em prol dos mesmos objetivos.”Para o secretário, o governo já tomou as medidas necessárias para conter a inflação. “A política fiscal já é contracionista desde o final do ano passado, antes do aumento da taxa de juros”, disse. Esse ajuste fiscal é feito pelo Ministério da Fazenda com redução dos gastos públicos, o que, conseqüentemente, reduz a procura por bens e serviços, o que evita maior pressão sobre os preços. O aumento da taxa básica de juros, feito pelo Banco Central, também é visto como uma forma de conter a inflação. A Selic já foi elevada em um ponto percentual neste ano. Para o Banco Central, o crescimento da demanda em descompasso com a oferta tem gerado alta dos preços no país. “Essas medidas ainda não têm 100% de efeito, principalmente a taxa básica de juros, que tem um impacto defasado na economia. A economia já está com taxa de crescimento com uma leve desaceleração”, ressaltou Barbosa. Quanto à meta de inflação de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos, em 2008, 2009 e 2010, o secretário disse que as medidas adotadas são “consistentes” com a inflação, “convergindo para algo próximo do centro da meta já no final de 2009”. Para ele, o centro da meta de 4,5%, também para 2010, é “suficiente para absorver os impactos iniciais dos choques internacionais, mantendo o crescimento da economia na faixa de 4,5% a 5%”. “Se vai ser um pouco mais ou menos, qual data, isso é do dia-a-dia, não é uma questão que a gente pode definir de imediato”, afirmou Barbosa. “A gente não decide convergência, não decide ritmo de crescimento. A gente toma medidas para viabilizar isso.”