Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Pesquisadores brasileiros e estrangeiros de cerca de 40 instituições vão utilizar os conhecimentos jáadquiridos no seqüeciamento genético da cana-de-açúcar para melhorar aprodutividade e processamento do etanol. O grande desafio é "retirar a energiada ligação entre os carboidratos da parede celular da planta”, informou MarcosBuckeridge, ligado ao Instituto de Biociência da Universidade de São Paulo(USP), que faz parte do grupo de instituições que estudam a matéria.Ele deu esta informação hoje (3) ao participar do lançamentodo programa de pesquisa em bioenergia Bioen-Fapesp (Fundação de Amparo aPesquisa do Estado de São Paulo). De acordo com o acadêmico, o que se busca éum controle da expressão genética da cana-de-açúcar. Segundo o pesquisador, ao atingir esse estágio,visando à produção de biomassa, terá sido desenvolvida a tecnologia base para oconhecimento de outras plantas. “Daqui a dez anos, uma forma de produzirenergia a partir da biomassa será a principal tecnologia a ser utiliza pelamaioria dos países do mundo”, acredita Buckeridge.O diretor cientifico da Fapesp, Carlos Henrique de BritoCruz, esclareceu que o Bioen pretende explorar cinco tópicos de pesquisacientífica por meio de parcerias entre os setores público eprivado com investimentos em R$ 73 milhões. São eles o melhoramento decultivares para a produção de biomassa, de cana e de outras plantas; pesquisasobre processos de produção de bioetanol e de outros compostos de interesse daindústria; aplicações do etanol para motores automotivos (motores de combustãointerna e células-combustíveis); biorefinarias e alcoolquímica; e pesquisassobre os impactos sociais, econômicos e ambientais do uso e da produção debiocombustíveis.Brito Cruz observou que “até hoje, a humanidade organizou aagricultura para produzir alimentos. Na hora em que vai produzir alimentos eenergia, essa organização vai mudar e nós queremos entender como serão essasmudanças”.Além de o acordo com a empresa Dedini S.A. Indústrias, de Piracicaba, para o desenvolvimento de processos industrias doetanol, a Fapesp abrir inscrições para propostas de projetos de pesquisaacadêmica básica e aplicada a serem financiados com recursos da própriainstituição e do CNPq-Pronex. Neste último caso, serão investidos R$ 38milhões, sendo R$ 19 com recursos da Fapesp.