Delcídio Amaral pede prudência do governo no debate sobre pré-sal na Bacia de Santos

03/07/2008 - 16h42

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Tão logo foi feito o anúncio da descoberta de óleo leve nacamada pré-sal da Bacia de Santos (SP), o debate sobre como se deveoperar essa nova reserva já se intensifica dentro do governo. O senador Delcídio Amaral (PT-MS) defendeu hoje (3) prudência nesse debate.Para ele, pessoas que não conhecem o setor têm dado declarações quepodem, inclusive, comprometer os investimentos privados no setor.O pré-sal localiza-se a cerca de cinco a seis milmetros abaixo do nível do mar, sob a camada de rocha. A recém-descobertada Petrobrás pode envolver uma reserva de óleo, que vai do EspíritoSanto a Santa Catarina.Além de complexo, o petista ressaltou que a definiçãodo modelo de exploração do pré-sal leva, no mínimo, três anos para serdefinido. “A Inglaterra levou 10 anos para definir o seu marcoregulatório para o petróleo”, exemplificou. Ele ressaltou, ainda, queexistem rodadas de leilões em andamento para exploração de reservas, quepodem ser atropelados por esse debate. Para o parlamentar, “é uma loucura” se falar sobre acriação de uma nova estatal de petróleo sem que o país tenha definidoque modelo pretende adotar para a exploração do setor. A defesa de uma nova estatal para cuidar das novas descobertas de campos de petróleo foi feita, na semana passada, pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Delcídio Amaral, quefoi diretor de Petróleo e Gás da Petrobrás no governo Fernando HenriqueCardoso, defende que o modelo deve ser definido pelo Executivo e, apartir daí, o Congresso deve estabelecer o debate.“Esse é um assunto sério. A indústria do petróleo éuma indústria sofisticada, complexa, com muitos interesses”, argumentao parlamentar da base governista. Ele acrescenta que cabe à Casa Civilda Presidência da República, em conjunto com os ministérios ligados aosetor, avaliar e definir os desafios tecnológicos para exploração dopetróleo na camada pré-sal e, fundamentalmente, a participação docombustível fóssil no modelo de matriz energética que se pretende parao país.A precipitação do debate sobre o pré-sal, de acordocom o senador do PT, já estaria causando problemas federativos namedida em que influi, também, nos cofres estaduais ao envolver aquestão dos royalties recebidos pelos estados. “É o típico caso em que,ao invés do cachorro balançar o rabo, o rabo é quem está balançando ocachorro”, ironizou o parlamentar, ao comentar as opiniões que vêm sendomanifestadas, segundo ele, por quem não conhece o funcionamento dosetor.