Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O professor daUniversidade Nacional da Colômbia e especialista políticoJaime Zuluaga avaliou hoje (2) que a libertação daex-candidata à Presidência colombiana Ingrid Betancourt,por meio de uma ação militar do Exército, foi um“duro golpe” para as Forças Armadas Revolucionáriasda Colômbia (Farc), mas ainda é muito cedo para falar emfim da guerrilha.“É exagerado pensar que porqueliberaram esses seqüestrados [foram libertados além deBitencourt mais 14 reféns] as Farc vão acabar. Nãose esqueçam que as Farc são uma estrutura militar, quetêm presença em muitos locais do territórionacional, que segundo informes oficiais há cerca de 10 milhomens em armas ainda”, disse em entrevista à AgênciaBrasil.O governo colombiano anunciou hoje a libertaçãode Betancourt e outros 14 reféns, em uma açãoque não deixou feridos. É a primeira açãomilitar colombiana contra as Farc que obtém êxito.“Todas os anteriores haviam fracassado e havia acontecido a mortedos seqüestrados”, lembrou Zuluaga.De acordo com oprofessor, o resgate de Betancourt é uma derrota políticapara a guerrilha. Ele avalia, no entanto, que as estruturas militaresbásicas devem estar praticamente incólumes. “Se espera que umaguerrilha com a experiência das Farc esteja tomando todas asmedidas necessárias para evitar um confronto que a debiliteestrategicamente. Seguramente vão acentuar sua políticadefensiva, esperando condições mais favoráveis”,destacou o professor.Zuluaga disse que enquanto as Farc saemdesse episódio ainda mais isoladas politicamente tanto dentroda Colômbia quanto no cenário internacional, o governodo presidente Álvaro Uribe deve ser saudado pela populaçãocolombiana, apesar da crise institucional que está vivendo,com problemas políticos e com a Corte Suprema de Justiçado país.O professor acredita que a libertaçãode Betancourt vai alentar uma posição triunfalista dasforças militares do governo, “que muito provavelmente vãoacentuar a pressão, com o apoio norte-americano, para tratarde golpear algumas de suas estruturas”.