Indústrias negam incentivar trabalho infantil nas plantações de fumo

02/07/2008 - 19h49

Da Agência Brasil

Brasília - Os preçospraticados pela indústria do fumo para comprar o tabaco dosprodutores não cobre os custos da mão-de-obrae obriga os agricultores a usar as famílias como forçade trabalho. A denúncia é da procuradora do TrabalhoMargaret Matos, que participou, hoje (2), da audiência pública no Senado que avaliou o trabalho infantil nas plantaçõesde fumo na Região Sul do país.“O sistema de integraçãofaz com que as crianças sejam envolvidas na produção,porque de outra forma as famílias não conseguiriamatingir nem a produtividade e nem a qualidade exigida pelasindústrias”, afirmou a procuradora.No entanto, opresidente do Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo), IroSchünke, alegou que os preços foram acertados entre asindústrias e a associação dos produtores.Schünke afirmoutambém que as empresas “fazem sua parte”, tentandoconscientizar os produtores para que não utilizem trabalhoinfantil, mas que as empresas não tem “poder de polícia”.“Isso [combate ao trabalho infantil] deve envolver orgãospúblicos para dizer o que pode e o que não pode”,declarou o representante das empresas.A procuradora doTrabalho também declarou que as empresas praticam um esquemade financiamento para os insumos que deixa os agricultoresendividados e coagidos a continuar produzindo o tabaco.Segundo Margaret, otrabalho nas plantações de tabaco faz com que anicotina intoxique as crianças. “O cognitivo dessas criançasé totalmente prejudicado. Elas não conseguem ter umaescolaridade condizente com a idade”, destacou a procuradora.Margaret disse que oMinistério Público do Trabalho entrou com uma sériede ações civis públicas “buscando reparar osdanos praticados pelas indústrias e impedir que as condiçõespermaneçam as mesmas”.