Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social vai implantar nos próximos meses uma nova metodologia de análise de rating (risco) das empresas e dos projetos que demandam financiamento da instituição. Essa metodologia vai se basear na avaliação do capital intangível das empresas e da inovação.O anúncio foi feito hoje (2) pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Ele participou da abertura do Congresso Internacional sobre Inovação Tecnológica e Desenvolvimento - 12ª Conferência Internacional Joseph Schumpeter, promovido pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esta é a primeira vez que a Sociedade Internacional Joseph Schumpeter realiza uma conferência na América do Sul. O evento se estende até o próximo dia 5.Coutinho afirmou que “a percepção da qualidade do capital intelectual e das estratégias inovadoras das empresas será um elemento imprescindível na análise de todos os projetos de concessão de crédito ou de capitalização para o sistema operacional do banco”. A idéia é que todos os fundos de apoio do BNDES a projetos inovadores, que apresentam juros favorecidos, sejam beneficiados pela capacidade de análise que será aperfeiçoada no que respeita à avaliação dos intangíveis.O presidente do BNDES informou que dentro de poucas semanas a nova metodologia estará incorporada às linhas operacionais do banco. A nova sistemática de avaliação segue experiência internacional e já foi testada no Brasil utilizando exemplos de empresas inovadoras bem sucedidas, com o objetivo de que seja aplicada com confiabilidade no país.A medida será importante, disse Coutinho, porque, para apoiar empresas inovadoras, é preciso valorizar o capital intelectual e o potencial de inovação que ela possui. “Se você não faz isso, você subestima o valor da empresa. E, ao fazer isso, fica difícil, inclusive, participar dela como sócio. Para participar dela como sócio, é preciso reconhecer o valor do capital intangível, o capital intelectual, a qualidade da estratégia, da governança e da gestão da empresa. Isso tudo faz parte de uma avaliação que foi desenvolvida com muito cuidado pelos técnicos do banco”, explicou.De maneira geral, todos os setores econômicos poderão se beneficiar com a nova avaliação. “Todas as empresas em geral que têm conduta inovadora. Mas, especialmente, as empresas de setores que são altamente intensivos em processos inovadores", como as áreas farmacêutica, de biotecnologia, da Tecnologia da Informação, mecânica avançada, nanotecnologia, química avançada e automação. “São as áreas cuja intensidade de gastos sobre o faturamento em pesquisa e desenvolvimento ultrapassa os 10%. Essas são empresas onde a metodologia de intangíveis pode fazer uma diferença grande e positiva para o fomento do BNDES.”Coutinho sinalizou que uma empresa que está investindo menos em inovação do que a média internacional vai ter uma pontuação menor do que aquela que está fazendo um esforço inovador proporcional ao que é feito no mundo inteiro naquele mesmo setor.Ele afirmou que a inovação é um elemento que se torna, no atual momento vivido pelo Brasil, uma ferramenta “indispensável, imprescindível”. Segundo Coutinho, o Brasil iniciou nos últimos dois anos um ciclo forte de investimentos, cuja sustentação requer que o processo de inovação se acelere e ganhe consistência. Para o presidente do BNDES, “há uma percepção clara de que nenhum processo de dinamização de uma trajetória de crescimento rápido prescinde ou pode se perpetuar sem um processo muito intenso de inovação”.O presidente do BNDE disse que a inovação, ao mesmo tempo em que torna robustas as trajetórias microeconômicas, na medida em que cria e dinamiza mercados, torna a trajetória macro-econômica também mais forte, “porque o investimento com inovação, em geral, é menos sensível a crises cíclicas”.Além disso, ele disse que a propensão a retomar o investimento, à medida em que o crescimento pode se redinamizar, é mais forte. Portanto, assinalou que economias inovadoras tendem a mostrar desempenho macroeconômico mais significativo em termos de taxas e de regularidade. Para isso contribuem o progresso técnico, bem como ganhos de produtividade e a disseminação de processos mais eficientes que permitem neutralizar pressões de custo e pressões inflacionárias.Por isso, sugeriu que a pesquisa sobre a relação entre inovação e robustez macroeconômica deve merecer especial atenção dos estudiosos no momento atual em que pressões de custos que podem ameaçar o crescimento econômico global. Indicou que esse estudo ganha especial importância também no momento em que o Brasil pode retomar o crescimento de maneira sustentável e mais regular.