Maior inserção internacional favorece crescimento das grandes indústrias

25/06/2008 - 10h17

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A participaçãodas grandes indústrias com mil pessoas ocupadas ou mais naprodução do setor passou de 48,7% em 1996 para 60% em2006. O maior salto ocorreu no período de 2000 a 2006, comomostra a Pesquisa Industrial Mensal – Empresa (PIA-Empresa),divulgada hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE). Em 2000, o valor da transformaçãoindustrial para essa parcela das empresas aumentou 53,8%.Falando à Agência Brasil, aeconomista Isabela Nunes, gerente do Grupo de Análises doIBGE, ressaltou que o “período virtuoso” foi de 2000 até2006. “Foi a partir desse período que as empresas grandesconseguiram dar esse salto”.Ela esclareceu que de 1996 a 2000, todas asempresas industriais, inclusive as maiores dentre as maiores, sereestruturavam, fazendo ajustes mais finos. “A partir de 2000,quando o cenário macroeconômico melhorou, foram elas quetiveram mais condições de crescer”.Entre os fatores que propiciaram o crescimentodessas indústrias, Isabela Nunes destacou a maior inserçãono mercado internacional e a valorização dascommodities, que são produtos básicos agrícolase industriais comercializados no mercado exterior. “Porque asgrandes empresas todas têm uma perna de exportaçãode commodities, seja siderúrgica, seja petróleo,minério de ferro, celulose”.Para Isabela Nunes, o que está por trásdesse movimento “é um desempenho exportador muito favorávele uma situação de acumulação internamaior do que das outras empresas”, o que significa que elas tinhammais condições e souberam aproveitar melhor o momento.“É uma conjugação de fatores”.Nos dez anos analisados pela pesquisa, as grandesindústrias não só aumentaram de tamanho, masampliaram o número de empregos, assim como aumentaram aprodutividade. Nesse período, a velocidade de crescimento doemprego das grandes empresas foi de 42,7% e a velocidade decrescimento do número de empresas foi de 29,9%. O saldo entreessas duas relações deu um crescimento de tamanho médiode 9,8% nesses dez anos, só para as indústrias com milempregados ou mais.

Os outros dois segmentos das grandesempresas industriais – as que empregam de 250 a 499 pessoas e asque mantêm de 500 a 999 trabalhadores - permaneceram com omesmo porte entre 1996 e 2006 e não apresentaram dinamismo. Odiferencial competitivo das grandes empresas com mil empregados oumais em relação a essas duas fatias de indústriasé o ganho de escala, segundo Isabela Nunes.

“São empresas que trabalhamem grande escala. Elas conseguem ter um custo menor e uma margem delucro maior e, portanto, investem mais”. A taxa de inovaçãonas maiores empresas industriais atinge 86%, contra uma médiade 33% na indústria em geral.

“Elas trazem modernidade para osetor à medida que, com a inovação, estãotrazendo nova tecnologia. Isso acaba por tornar essas empresascatalizadoras do crescimento”. Com isso, elas impactam de formapositiva as pequenas e médias empresas, que formam a cadeiafornecedora das indústrias de grande porte. “Se esse setorse moderniza, automaticamente tem impacto na cadeia de pequenas emédias”.