Diretor do BC diz que taxa básica de juros será aumentada enquanto for necessário

25/06/2008 - 14h24

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Banco Central (BC) vai aumentar a taxa básica de juros (Selic), enquanto for necessário, segundo afirmou hoje (25) o diretor de Política Monetária da instituição, Mário Mesquita, ao apresentar o Relatório de Inflação. "O compromisso do Banco Central continua sendo inequívoco: fazer o necessário, enquanto for necessário, para trazer a inflação de volta para o centro da meta", disse ele.Neste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou os juros básicos em meio ponto percentual em cada uma das duas reuniões realizadas. A Selic está em 12,25% ao ano, e a expectativa de mercado é que chegue ao final de 2008 a 14,25%.O Banco Central reforçou a preocupação com o descompasso entre demanda e oferta, comparando o crescimento da demanda com o do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Enquanto a demanda aumentou em 8,5% no primeiro trimestre de 2008, na comparação com o mesmo período do ano passado, a economia cresceu 5,8%. "O alinhamento perfeito estatisticamente a gente nunca observa, mas uma moderação desse descompasso contribui para aliviar as pressões inflacionárias", disse Mesquita.Questionado se o Banco Central demorou a atuar para conter a inflação, Mesquita afirmou que a instituição sempre toma as decisões com base nas informações disponíveis no momento. "O Banco Central terá novo conjunto de informações a sua disposição para as próximas reuniões." Segundo Mesquita, a melhor contribuição que o Banco Central pode dar para a ampliação do investimento do setor produtivo é controlar a inflação.Quanto a negociações salariais com sindicatos em busca de aumentos reais, Mesquita ressaltou que, quando os reajustes de salários acompanham os ganhos de produtividade, não há pressões sobre os custos das empresas. Caso isso não aconteça e as empresas repassem o aumento dos custos para os preços, essa situação pode ocasionar uma deterioração da inflação. "As empresas não devem contar com o Banco Central chancelando essas decisões [de repassar ou não os custos para os preços]", afirmou.Mesquita também enfatizou que a atuação preventiva do Banco Central é acertada. Segundo estudo do Banco Central publicado no relatório sobre outros países, "apertos preventivos" duram 17,3 meses, enquanto as mudanças "reativas" na política monetária levam 21,5 meses.De acordo com o relatório, a projeção do Banco Central para a inflação é de 6% para este ano, próxima do limite da meta, que é de 6,5%. O centro da meta da inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para este ano é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Segundo o relatório, a possibilidade de estouro do limite da meta em 2008 é de 25%, enquanto no documento de março a probabilidade era de 4%.Conforme o relatório, no cenário de referência, que leva em consideração juros básicos constantes em 12,25% e dólar a R$ 1,65, a inflação se reduz para 4,7% ao final de 2009 e sobe para 4,8%, no segundo semestre de 2009. No cenário de mercado, que toma como base a trajetória de estimativas para a taxa Selic e de câmbio constantes nas pesquisas realizadas com analistas do setor privado, a previsão também é de inflação de 6% neste ano e de 4,7% em 2009.