Volume de crédito cresce em maio, mas tendência é de acomodação para pessoas físicas

24/06/2008 - 15h07

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O chefe doDepartamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes,afirmou hoje (24) que o crescimento do crédito apresentouvolume recorde em maio, mas a tendência é de acomodaçãodos financiamentos para pessoas físicas. De acordo com o BC, o volume de crédito doSistema Financeiro Nacional chegou a R$ 1,044 trilhão em maio,o que equivale a 36,5% da soma de bens e serviços produzidosno país, o Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o maiorpercentual desde janeiro de 1995, quando chegou a 36,8%.“Estamos observando, principalmente quando seexcluem as operações de leasing destinadas àaquisição de veículos, que há uma certadesaceleração nessa taxa [de crescimento do volumede crédito]”, disse Lopes. Segundo ele, o créditopara pessoa física, excluídas as operaçõesde leasing, cresceu 1,4%, “o que é uma taxa baixa”.Lopes disse que essa tendência se manteveneste mês, até o dia 12, quando o crescimento foi de1,3%. “Tem uma clara acomodação no crédito àpessoa física, principalmente o crédito pessoal, e, poroutro lado, uma elevação no crédito àpessoa jurídica”, acrescentou. No caso das pessoasjurídicas, disse Lopes, a característica é acaptação de grandes empresas, que estão deixandoas operações de mercado de capitais (ações)para buscar crédito no sistema financeiro.Ele acredita que pode haver mais algum aumento dastaxas por conta das elevações da Selic, atualmente em12,25% ao ano, em 2008..Mesmo com essas mudanças, Lopes mantém,pelo menos por enquanto, a projeção de crescimento dovolume do crédito em relação ao PIB de 40% noano. “Até porque essa nova composição queestamos observando garante essa relação crédito-PIBde 40%. Evidentemente, isso é uma projeção quepode ser revista mais à frente.”O Banco Central também registrou elevaçãode 7,1% para 7,3% na taxa de inadimplência para pessoasfísicas. Para as empresas, a taxa ficou estável em1,8%, em maio. Na média, a inadimplência manteve-se em4,2%. “Na média, a inadimplência tem-se mantidoestável, mas estamos observando pequena elevaçãopara pessoa física. Temos que observar um pouco mais para verse essa é uma tendência que se confirma.”Segundo Lopes, também se nota reduçãode prazos para o crédito pessoal, que passou de 495 dias, emabril, para 489 dias corridos, em amio. “A pessoa física vemapresentado prazos mais ou menos estáveis, mas a modalidadecrédito pessoal vem apresentando redução nessesprazos”. Entretanto, para a compra de veículos, o prazo de595 dias é o maior da série histórica do BancoCentral desde 1994.No caso das taxas de juros, a média(pessoas físicas e jurídicas) passou de 37,4% ao ano,em abril, para 37,6 % ao ano em maio. Nos 12 meses fechados em maio,a taxa média subiu 0,4%. No ano, a alta é de 3,8%. Ataxa média de juros anuais para empresas (pessoa jurídica)foi de 26,9% em maio, maior do que os 26,3% de abril.No caso das operações destinadasapenas a pessoas físicas, a taxa média caiu de 47,7% emabril para 47,4% ao ano no mês passado. Lopes explicou que omotivo foi a eliminação da Taxa de Abertura de Crédito(TAC) em 30 de abril.No caso do cheque especial, a taxa chegou a chegoua 157,1% ao ano. O aumento foi de 4,4 pontos percentuais de um mêspara o outro e no ano foi de 19 pontos percentuais. Essa é amaior taxa desde agosto de 2003, quando ficou em 163,9% ao ano.Dados preliminares de junho sobre os jurosmostram, até o dia 12, alta de 0,1 ponto percentual da taxageral, em relação a maio e de 0,9 ponto percentuaispara pessoas físicas. No caso das pessoas jurídicas,houve redução de 0,3 ponto percentual.