Sete dos onze militares envolvidos no assassinato de jovens da Providência deixam a cadeia amanhã

24/06/2008 - 16h08

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Sete dos onzemilitares suspeitos de envolvimento com a morte de três jovens do Morro daProvidência, e que não tiveram a prisão preventiva decretada pela JustiçaMilitar, deverão ser soltos na manhã desta quarta-feira (25). O prazo da prisãotemporária se encerra à meia-noite de hoje (24).Os outros quatroenvolvidos – inclusive o tenente Vinicius Andrade – que tiveram a prisãopreventiva solicitada pela Justiça Militar, no entanto, vão continuar presos.Segundo informou aassessoria de imprensa do Ministério Público Militar à Agência Brasil, comoa prisão preventiva dos outros sete militares não foi decretada, o Exército temque soltar os detidos, para não ser acusado de “constrangimento ilegal”.Hoje pela manhã, a promotorada Justiça Militar Hevelize Jourdan Covas ouviu os sargentos Bruno Eduardo eRenato Alves. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério Público Militar, aprincípio, a Justiça Militar não deve decretar a prisão preventiva dos setemilitares.Aotodo, onze militares que estavam de plantão no Morro da Providência, no último dia 14,  sãoacusados de prenderem três jovens e os entregarem a traficantes do Morro daMineira, dominado por uma facção rival. Posteriormente,os jovens foram torturados e mortos pelos traficantes e seus corpos apareceram no dia seguinte em um lixão na Baixada Fluminense. Desde então, oMinistério Público Militar está investigando se os militares cometeram crimesprevistos no Código Militar do Exército. Entre eles, o de desobediência deordens superiores e de organização de grupos para a prática de violência.Ontem, o juiz do 3ºTribunal do Júri do Rio de Janeiro Sidney Rosa da Silva declarou-seincompetente para julgar o caso.  Emnota divulgada à imprensa, o juiz defende que o caso deve ser julgado pelaJustiça Federal, já que os soldados são servidores da União. Apesar da decisão,os autos do inquérito ainda não foram remetidos para um juiz federal, o que sódeverá acontecer nesta quarta-feira. Ajustificativa de Sidney Silva é que os militares estavam em serviço quandosupostamente cometeram o crime, e por isso teriam manchado a imagem e acredibilidade do Exército, afetando diretamente a União.OExército ocupava o Morro da Providência, desde dezembro passado, para realizar oProjeto Cimento Social, de reforma de casas da favela. Asobras estão a cargo do Batalhão de Engenharia e a segurança dos canteiros deobras está sendo feita pelo Batalhão de Infantaria Motorizada.Como a AgênciaBrasil já informou, hoje o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio mandoususpender as obras do projeto Cimento Social. Ao justificar a decisão, o juizFábio Uchoa, da Coordenadoria de Fiscalização de Propaganda Eleitoral, argumentouque as obras estão irregulares.  O fiscal responsável por lacrar o canteiro de obras na Rua Barão da Gamboa,Luiz Fernando Brígida, explicou que o projeto Cimento Social foi consideradoirregular porque o convênio com os Ministérios das Cidades e da Defesa para oinício das obras foi assinado no início de 2008, ano eleitoral, embora as obrastenham começado em dezembro de 2007.O representantes da Construtora Edil, responsável pelo empreendimento no Morroda Providência, Vander de Oliveira Dantas, informou que a empreiteira vairecorrer ainda hoje da decisão do TRE. Os militares do Exército continuam ocupando oMorro da Providência. Segundo o tenente-coronel Silvio Cardoso, apesar dadecisão judicial, 60 homens permanecerão patrulhando o local.