Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente LuizInácio Lula da Silva minimizou hoje (24) a relaçãoentre a Operação João de Barro, da PolíciaFederal, que investiga o desvio de recursos públicos, e obrasdo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),principal programa de investimentos do governo.Assim como a ministraDilma Rousseff, da Casa Civil, o presidente Lula argumentou que dos119 municípios investigados pela PF, apenas 37 têm obrasdo PAC. Ele lembrou ainda que algumas obras começaram antes dolançamento do PAC, em 2007. “Nem a PolíciaFederal, nem a CGU [Controladoria-Geral da União], nemo TCU [Tribunal de Contas da União], começouessa investigação. Tem caso de 1998. O PAC é de2007. Ninguém ainda pode dizer, nem a Casa Civil, nem a Caixa,nem o ministro das Cidades [Márcio Fortes], nem umjornalista, ninguém pode dizer qual é a obra que estásendo investigada, porque ela [investigação] está ocorrendo sob sigilo deJustiça”, disse Lula. “Mas pasmem, apenas37 cidades têm obras do PAC. Não sabemos se sãoelas que estão sob investigação”, completou. Ainda segundo Lula, oPAC tem sido agora alvo de críticas da oposiçãocomo o Bolsa-Família foi há três anos. O presidente voltou areclamar que no Brasil existe a cultura de se apontar um culpadoantes de a investigação ter encerrado. “Precisam primeiroachar um culpado. Quem é o culpado? É o PAC, porque oPAC agora se apresenta na política brasileira como oBolsa-Família há três anos. Quantos apostaram queo Bolsa-Família não valia nada”.Lula garantiu que ogoverno vai combater o desvio de recursos do programa. “Ocombate à corrupção, à máutilização do dinheiro público, não éapenas uma questão de honra, é uma necessidade, que agente tem de fazer para que o pão deste país sejadistribuído de forma mais equânime”, afirmou. “Da nossa parte, nãomediremos nenhum esforço para fazer com que a CGU, a PF etantos outros órgãos deste país possamacompanhar cada centavo que sai do governo federal para osmunicípios. Não queremos cometer injustiças”,acrescentou o presidente Lula. Iniciada no últimodia 20, a Operação João de Barro investigadesvio de recursos repassados pela União a seis estados e oDistrito Federal, por meio da Caixa Econômica Federal e doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),para obras públicas, entre elas, do PAC.Os deputados federaisJoão Magalhães (PMDB-MG) e Ademir Camilo (PDT-MG) estãoentre os investigados pela PF. De acordo com apolícia, o esquema funcionava a partir da destinaçãopara os municípios de recursos provenientes de emendasparlamentares ou de convênios com instituiçõesbancárias oficiais. Empresários e lobistas searticulavam para vencer as licitações e posteriormenteexecutavam a obra em qualidade inferior à estabelecida noprojeto, o que viabilizava a sobra dos recursos a ser desviada. “Não temnecessidade de um prefeito ter um atravessador, não temnecessidade de um deputado que aprovou emenda fazer com que emendachegue meio destrambelhada na cidade. É tão mais fácila gente fazer as coisas certas ”, afirmou o presidente.Lula comentou sobre aoperação policial ao participar da assinatura decontratos para execução de obras de saneamento básicoe habitação com recursos do PAC em 21 estados e noDistrito Federal, somando R$ 1,9 bilhão, sendo R$ 1,5 bilhãopara liberação imediata. Os convêniosforam firmados entre a Caixa Econômica Federal e os estados. O presidente lembrouque essa foi a última cerimônia para assinatura decontratos do PAC antes das eleições municipais deoutubro. A partir do dia 4 de julho, o governo não pode firmarnovos contratos, conforme a legislação eleitoral.Poderá apenas liberar dinheiro para obras já iniciadasantes dessa data