José Alencar diz que é contra indexação de reajuste do Bolsa Família à inflação

24/06/2008 - 13h58

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ovice-presidente José Alencar afirmou hoje(24) que é contra a indexação do benefício do programaBolsa Família à inflação. "Achoque tem que haver [reajuste do valor do benefício],porém sou contra a indexação, porque ela acabaadmitindo a inflação. E muito mais importante que umreajuste é evitar a inflação.”No último dia 12, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o repasse do programa seja feito de acordo com o índice da inflação.Alencartambém criticou o aumento da taxa básica de juros peloBanco Central. Segundo ele, o petróleo é o fator quemais pressiona a inflação, e a medida não combateisso. “Eu não apóio não. Porque vocêpode adotar a taxa que quiser que não vai modificar a decisãoda Opep [Organização dos Países Exportadores dePetróleo] em relação ao petróleo. E opreço do petróleo está presente em tudo."Oministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que haverá umremanejamento geral para cumprir a nova meta de superávitprimário, ampliada de 3,8% para 4,3% do Produto Interno Bruto(PIB). Para ele, no entanto, o aumento da despesa com o Bolsa Famílianão representará grandes prejuízos. “Paracumprir esse superávit que o presidente pediu,vamos ter que fazer um remanejamento e redução dedespesas da ordem de R$ 14,2 bilhões. O Bolsa Família,no meio disso, vamos ter que resolver, mas a despesa,relativamente, é muito menor.”Paulo Bernardo não quis anunciar o percentual de aumento dos valores doprograma, por entender que é preciso esperar para “bater o martelo com opresidente”, mas explicou que, se o aumento fosse de 6%, asdespesas cresceriam cerca de R$ 300 milhões. De acordo com o ministro, o aumento de 0,5%no superávit primário tem oobjetivo de formar uma reserva para a constituição doFundo Soberano e também reduzir os gastos, ajudando no combateà inflação.Paraalcançar a economia de mais R$ 14 bilhões, ele disseque os cortes no orçamento podem chegar a R$ 10 bilhões. Os outros R$ 4 bilhões seriam conseguidos via recebimento dedividendos. “Nos últimos anos, temos tido umapolítica de não receber todos os dividendos, atépara permitir que as empresas façam investimentos.Provavelmente, vamos diminuir essa flexibilidade, vamosquerer receber, o que aumenta a nossa receita”, disse.José Alencar ePaulo Bernardo participaram, hoje de manhã, da abertura do 3ºSeminário Internacional sobre Federalismo e Desenvolvimento -Políticas Públicas e Responsabilidade Social. O encontro, que termina quinta-feira (26) em Brasília, discute a proposta de reforma tributária, que tramita noCongresso Nacional, o programa Territórios da Cidadania, aAgenda 21 e a integração no Mercosul.