Associação de moradores vai recorrer contra embargo de obra no Morro da Providência

24/06/2008 - 18h07

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Associaçãode Moradores do Morro da Providência pretende recorrer dadecisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que embargou hoje (24)o Projeto Cimento Social na comunidade. Ainformação foi dada pela presidente da entidade, VeraMelo, ao criticar a suspensão da reforma das casas beneficiadas pelo projeto.  “A comunidade nãopode pagar por um erro político”, disse Vera, ao informar sobreuma reunião prevista para hoje com o juiz Fábio Uchoa,do TRE, que determinou a suspensão daobra por motivos eleitoreiros. “Vou fazer todo o possívelpara reverter a decisão”. Segundo Vera, o embargodo TRE pode deixar 150 trabalhadores desempregados, a maioriamoradores da comunidade, o que vai afetar a vida de muitas famílias.Ela conta que os operários recebem entre R$ 650 e R$ 1 milpor mês e desde o início das obras, em dezembro de 2007,reformaram 80 casas, de um total de 780.A presidente daassociação explicou também que com a suspensãoimediata do projeto muitos moradores terão que conviver comobras inacabadas dentro da própria da casa. “As pessoas nãopodem ficar com a casa pela metade, algumas até sem coberturapara chuva”, disse. A aposentada ValmiraGuimarães Atala, 60 anos, é uma delas. A casa onde moracomeçou a ser reformada ontem (23). Hoje, tem no centro dasala um monte de cimento, utilizado na reforma nas paredes e notelhado. Sem dinheiro para concluir a reforma, não sabe o quefazer com o material espalhado pela casa.“Falta muita coisa.Estamos convivendo com cimento e pá. Eu e minhas netas [três]dormimos  agarradas no quarto, junto com as coisas”, reclamouAtala. “Agora, sem data para acabar, nem sei o que vou fazer comessas coisas, com a casa deste jeito.”Durante esta manhã, quando ocorreu a intervenção do Tribunal Regional Eleitoral, ostrabalhadores protestaram contra o embargo. O encarregado da obra,Alex Oliveira dos Santos, criticou a provável demissãodos operários, em conseqüência da decisão do TRE.“Um trabalhadorsustenta uma família com três ou quatro pessoas. Aototal, cerca de 600 pessoas são beneficiadas por essa obra.Sem trabalho, como essas famílias vão viver? Parece quequerem que o morador do morro vire mesmo marginal”, disse Santos.