Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A PolíciaFederal cumpriu hoje (23) 12 mandados de prisão temporáriae 19 mandados de prisão preventiva de funcionários daPrevidência Social, advogados, médicos e vereadoresacusados de participar de uma quadrilha que fraudava benefíciosdo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A fraude pode chegara R$ 30 milhões, segundo a polícia.Foram cumpridos também35 mandados de busca e apreensão nos municípios onde aquadrilha atuava: Bom Jesus de Itabapoana e Campos dos Goytacazes, nonorte do estado do Rio, e Apiacá e São José doCalçado, no Espírito Santo.A PolíciaFederal já confirmou um prejuízo de R$ 11 milhõesà Previdência Social desde 2004, mas estima que essenúmero possa chegar a R$ 30 milhões. Segundo oMinistério Público Federal, quase 10% da populaçãode Bom Jesus de Itabapoana era beneficiada com auxílios-doençae aposentadorias por invalidez fraudulentas. A central das açõesera o posto do INSS do município.Gráficos mostramque a porcentagem de pessoas beneficiadas em Bom Jesus ésignificativamente maior que a média do estado do Rio e doBrasil. Durante as investigações, que começaramno ano passado, ligações telefônicas foraminterceptadas pela polícia.De acordo com osuperintendente da Polícia Federal no Rio, Valdinho JacintoCaetano, os responsáveis pela fraude também tinhamligações com a política, uma vez que parte dodinheiro era desviado para campanhas eleitorais."Pelainvestigação que fizemos, concluímos que issoera um modo absolutamente tranqüilo, a ponto de um servidor doINSS, ao receber o pedido de um determinado político paraencaminhamento de um grupo de pessoas, declarar que isso ia darcadeia, que estava absolutamente explícito e ele nãoqueria mais fazer parte disso, porque estava tão claro, tãonormal, tão entranhado que ia dar cadeia. E deumesmo."Pessoas aptas ao trabalho contribuíam nomínimo de três a quatro meses e obtinham o valor máximodos benefícios através de falsas perícias feitaspor médicos do INSS ou médicos particulares. Osbenéficos serão suspensos pelo INSS e os 19 acusadosvão responder processo por formação dequadrilha, estelionato, advocacia administrativa (ou seja, crimepraticado por funcionário público para patrocinarinteresses privados), e prevaricação, que é ocrime de funcionário público contra administração.Todas as pessoas que recebiam os benefícios tambémestão sendo investigadas.