Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ComissãoInternacional Baleeira (CIB) se reúne hoje (23) em Santiago,no Chile, para discutir temas como a manutenção damoratória à caça comercial de baleias e acriação do Santuário do Atlântico Sul.Para a organização não-governamental Greenpeace– que participa do encontro – a CIB precisa converter-se em umaentidade que protege as baleias e não os baleeiros.Acomissão foi criada em 1946 com o propósito de oferecermétodos eficazes para a conservação de baleiase, ao mesmo tempo, de tornar possível o desenvolvimentoordenado da indústria baleeira. Integram o CIB paísescomo Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Chile,Dinamarca, França, Nova Zelândia, Peru, Estados Unidos eÁfrica do Sul.Para a coordenadora do Programa de Baleias do Greenpeace, Leandra Gonçalves,o “real objetivo” do CIB consistia em fortalecer a indústriabaleeira. Ela explica que, dos anos 80 para cá, com a entradade países com visão conservacionista, a caça debaleias começou a ser questionada. Atualmente, 75 paísesintegram a CIB – 42 são conservacionistas e 33, “baleeiros”.Os únicos que, segundo Leandra, praticam a caça debaleias são Japão, Islândia e Noruega.Odestaque negativo, de acordo com o grupo ambientalista, édirecionado ao Japão. Leandra acusa o país de praticara compra de votos, sobretudo, de países pequenos africanos ecaribenhos. “Eles acabam votando a favor de interesses baleeiros.”Alémda moratória e da criação do santuário, oGreenpeace irá exigir, durante o encontro, que se mantenha umamaioria de países conservacionistas durante as discussõesda comissão. “Para que leve a comissão a defender asbaleias e não os baleeiros.”O grupoambiental defende ainda a ação imediata dos paísesmembros para reduzir as ameaças modernas às baleias,como a poluição, os sons subaquáticos e sonares,as colisões com navios, as mudanças climáticas eas redes de pesca.Dados dogrupo ambientalista apontam que só as redes de pesca matam 300mil baleias e golfinhos todos os anos – o equivalente a um animalmorto a cada 90 segundos.Outra medida propostapelos ativistas é que o governo japonês anuncie o fim doprograma de caça científica no Santuário deBaleias do Oceano Antártico. Segundo a ONG, os estudosprovocam a morte de mil baleias a cada temporada. A contra-propostado grupo é que o Japão realize pesquisas não-letais,que possam beneficiar o meio ambiente da região.“Elesusam uma brecha no texto da convenção que permite fazercaça com fins científicos mas não deixa de seruma caça comercial, porque eles acabam utilizando essematerial de pesquisa para venda comercial. A gente sabe que existemcerca de 4 mil toneladas estocadas em freezers no Japão,o que faz com que já não tenha uma saída ou ummercado muito forte para a carne de baleia no mundo.”Leandrareforça que, já no primeiro dia de reunião, háum clima de possível consenso e de diálogo pacíficoentre os países membros. “O que a gente ainda nãosabe é se isso vai ser bom ou ruim”. O encontro termina napróxima sexta-feira (27).