Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Cerca de 700 integrantes da Via Campesina, do Comitê em Defesa dos Pequenos Agricultores e de entidades da agricultura familiar protestam, desde a manhã de hoje(12) em frente à fábrica de fertilizantes Ultrafértil/Fosfértil, da multinacional Bünge, em Araucária, na região metropolitana de Curitiba. As atividades da unidade estão paralisadas.Segundo o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores no Paraná (CUT-PR), Ademir Pincheski, a adesão dos cerca de 500 funcionários da empresa ao protesto é total. “Estamos em frente aos portões da fábrica, nosso movimento é por tempo indeterminado e pacífico, tanto que nem a Polícia Militar está no local.”Manifesto divulgado pelo comitê informa que a ocupação faz parte da jornada de lutas da Via Campesina Brasil e de trabalhadores urbanos que denunciam “os problemas causados pela atuação das grandes empresas no país, especialmente as estrangeiras”. Os trabalhadores cobram do governo federal a reestatização da empresa Ultrafértil/Fosfértil.No manifesto, o comitê refere-se aos “altos preços de fertilizantes e insumos agrícolas causados pela privatização da empresa, em 1993, e a formação de oligopólio do setor”. Atualmente, diz o texto, a Bünge controla 52% da produção de fertilizantes no Brasil. “Juntas, Bünge, Yara e Mosaic são responsáveis por 98% do setor.” Segundo o manifesto, com a produção e distribuição dos fertilizantes sob controle das transnacionais, aumenta o preço dos alimentos básicos, o que, no início deste ano, provocou protestos nos cinco continentes. No ano passado, acrescenta o texto, a Ultrafértil aumentou o lucro em 93%, ferindo a legislação trabalhista. “As práticas da Bünge se somam à perseguição de transnacionais como Syngenta, Aracruz, e Vale sobre os trabalhadores”, conclui a nota.Segundo a assessoria de imprensa da Ultrafértil, a direção da empresa deve divulgar, ainda hoje, comunicado sobre a ocupação.