Para CPT, tamanho de propriedade rural deve ser limitado também para brasileiros

12/06/2008 - 6h56

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao mesmo tempo em queapóia a intenção manifestada pelo governo federal de criar regras para controlar a venda de terras nacionais paraestrangeiros, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) entende que opaís precisaria também da imposição delimites ao tamanho das propriedades nas mãos dos própriosbrasileiros. “Nesse mundo, selimita número de filhos na China e na Índia, se limitao poder da pesquisa na ciência, o poder dos veículos decomunicação,e não se limita o tamanho dapropriedade da terra . Temos que ter regulamentações deacesso à terra para reduzir o poder do latifúndio”,afirmou, em entrevistaà Agência Brasil o padre Dirceu Fumagalli, coordenadornacional da CPT. Oindicador defendido pela CPT prevê que uma propriedade ruralbrasileira tenha no máximo tamanho equivalente a 35 módulosfiscais, que variam conforme a região. Em Mato Grosso, porexemplo, um módulo é formado de 100 hectares. “ Não dápara um único proprietário ter centenas de milhares oumilhões de hectares. Se um módulo é suficientepara um família viver no campo, permitiríamos ainda quealguém tenha 35 vezes o necessário”, argumentouFumagall. Segundoo representante da CPT, o modelo de incentivo ao agronegócioadotado pelo governo brasileiro é incompatível com areforma agrária: “O presidente Lula diz que oobjetivo é conciliável, mas não é. Ouvocê destina a terra para função social, produçãode alimentos, para relações de quem nela convive em harmonia com a natureza , ou destina para gerar mercadoria. Os grandes latifúndiosproduzem commodities para o mercado externo”.A política dereforma agrária no Brasil ainda é tímida,conforme Fumagalli, porque “está sucumbidaao poder econômico” dos latifundiários. O padre disseque os movimentos sociais precisam dialogar com sociedade, “que émaior do que o Estado”, a fim de que ela exija a distribuiçãodas terras nacionais em pequenas propriedades: “É sóolhar no nosso café da manhã, almoço e jantar. Do que tem em cima das nossas mesas, 75% a 85% são oriundosda agricultura familiar camponesa, que produz com qualidade , nãodegrada o ambiente e não super-explora mão-de-obra”.