Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oferecendo atendimentosocioeducativo em horário diferente ao da escola, aOrganização Não-governamental Viver ajudou oscatadores de lixo da Vila Estrutural, a dez quilômetros deBrasília, a resolver o problema de onde deixar os filhosenquanto estão trabalhando.Depois que a entrada decrianças e adolescentes no lixão foi proibida, no mêspassado, muitos pais que levavam os filhos para lá passaram adeixá-los na creche da ONG. “Aqui eles têm reforçoescolar, aula de flauta e praticam esporte”, explica Coraci Coelho,coordenador da Viver.De acordo com ele, ospais também recebem orientação sobre comoprocurar o apoio do governo para receber bolsas como as do Programade Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).Além disso, aONG trabalha com capacitação para que os pais nãoprecisem do trabalho infantil para manter a casa. Um exemplo sãoos cursos de corte e costura, oferecidos na Vila Estrutural.Coelho conta que ascrianças que trabalhavam no lixão se queixavam decansaço e dor nas costas. “Eles reclamavam também denão poder brincar e tinham muitos problemas de auto-estima.Quando chegam por volta dos quatorze anos, eles se sentemdesestimulados a continuar estudando porque o trabalho compete com aescola”, explica.A mudança,segundo ele, é perceptível assim que a criançalarga o trabalho. “Quando a criança trabalha, ela tem muitadificuldade em função do desgaste. Quando ela deixa otrabalho infantil, o rendimento escolar amplia muito. Ela tem maisconcentração, o mundo dela se torna o mundo daeducação. Assim, o desempenho escolar e social melhora,a alfabetização se acelera”, acrescenta.Coelho diz que a rendaque a criança leva para a família geralmente gira emtorno de R$ 50 a R$ 150. Esse valor, assinala, não compensa oprejuízo causado à saúde da criança.