Banco Central precisa ter cuidado com alta dos juros, diz presidente da Abdib

12/06/2008 - 19h37

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As autoridades monetárias precisam tomar cuidado para que a continuidade no aumento dos juros não comprometa o crescimento da economia nos próximos anos, avaliou o presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e das Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy. Segundo a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje (12), o Banco Central aumentará a taxa Selic “enquanto for necessário” para conter a inflação.Para Godoy, como o reflexo das elevações dos juros costumam ser sentidos a médio e a longo prazo, o Banco Central deve ser cauteloso porque os efeitos sobre a atividade econômica só se manifestarão após a inflação ser controlada. “É preciso medir muito o remédio para que ele não se torne uma dose cavalar e a gente só descubra mais tarde. Já vimos esse filme”, disse o presidente da Abdib ao sair de encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.Na avaliação do presidente da Abdib, o Brasil está em situação mais confortável para lidar com a alta da inflação que outros países que sofrem com o encarecimento dos alimentos e do petróleo. Por causa disso, ele disse acreditar que o país pode combater a inflação sem pôr em risco o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB): “A inflação é o pior dano para a economia, mas não podemos nos apavorar e tomar atitudes tão restritivas dais quais nos arrependeremos mais tarde”, observou Godoy.Segundo ele, o consumo já apresenta desaceleração, o que indica que o descompasso entre a demanda e a oferta em alguns setores que ameaçava provocar pressões inflacionárias foi debelado. “O primeiro trimestre já deu claros sinais de desaceleração do consumo. Há indicadores de que já estamos numa acomodação e de que aquele pico de ascensão do PIB já está contido”, afirmou.As apostas das instituições financeiras para os juros no fim de ano, apontou Godoy, indicam que o setor está se aproveitando para lucrar com a especulação. “|O mercado futuro já projeta taxas de 14% a 15% para dezembro. Existe um movimento que cria expectativas que podem não estar ligadas à realidade dos fatos, com a economia real”, declarou. Atualmente, a taxa Selic está em 12,25% ao ano.