Para Denise Abreu caos aéreo foi causado pelos problemas da venda da Varig

11/06/2008 - 14h20

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ex-diretora daAgência Nacional de Aviação Civil (Anac) DeniseAbreu atribuiu o início do caos aéreo enfrentado no anopassado aos problemas quanto à venda da Varig. Segundo ela, ogoverno injetava dinheiro na Varig para que ela pudesse se recuperar,mas os vôos eram realizados por outras empresas aéreas. "O iníciodo caos aéreo do país, na verdade, decorria da confusãodo caso Varig e VarigLog. As ações dessa empresadesembocaram de tal forma, que as demais empresas voavam por ela",disse. "Eles injetavamdinheiro para manter a Varig voando, mas há inúmerosofícios do coronel Velozo [ex-diretor da Anac] dizendo que nãodá mais para aplicar o plano de emergência [ quandooutras empresas transportaram os passageiros da Varig]. Sãoquestões que não dá para entender no âmbitodaquele processo judicial", completou, em depoimento àComissão de Infra-Estrutura do Senado, para comprovar, segundo ela, denúnciasque fez sobre irregularidades na venda da Varig e da VarigLog. O líder do PSDB,senador Arthur Virgílio (AM), questionou Denise quanto àoferta feita pela TAM de compra da Varig por R$ 738 milhões, o dobro do valor pago pela Gol (US$ 320 milhões). "Nãoreconheço as razões pelas quais a Varig foi vendidapara a Gol e não para a TAM", disse Denise. Ela ainda evitou chamarRoberto Teixeira, advogado que intermediou a operação echamado de "compadre de Lula" por Arthur Virgílio,de lobista nesse caso. "Me reservo o direito de nãochamá-lo de lobista, mas ocorriam reuniões noMinistério do Trabalho, segundo me disse Milton Zuanazzi[ex-presidente da Anac], com a participação dosadvogados, antes do leilão. Nunca fui convocada e nuncaparticipei dessas reuniões", disse.Arthur Virgílioacusou Roberto Teixeira de ter feito lobby para que a empresa fossevendida sem que as suas dívidas fossem repassadas ao seucomprador. A afirmação gerou resposta na basegovernista. O líder do governo no Senado, Romero Jucá(PMDB-RR), rebateu: "Não houve a sucessão [dadívida] porque foi seguida a Lei de Falências",disse Jucá.A senadora IdeliSalvatti (PT-SC) também defendeu. "Depois de quebrar Vaspe Transbrasil tendo uma Lei de Falências que permite arecuperação da empresa, me parece imprescindível",disse.