Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os movimentos ligados à Via Campesina Brasil não devem dar descanso às empresas multinacionais agroindustriais no Brasil, mesmo depois do fim da jornada de lutas realizada nesta semana em pelo menos 13 estados.“Não haverá trégua para as multinacionais do sistema agroalimentar, não haverá trégua, elas comprometem a soberania do país, o alimento na mesa do povo brasileiro, nós vamos estar em mobilização permanente”, afirmou Frei Sérgio Görgen, integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que faz parte da Via Campesina.“Há uma fase da jornada que se encerra entre hoje e amanhã, mas a luta vai continuar, e as transnacionais que hoje controlam a produção agroalimentar no Brasil não terão trégua da Via Campesina”, reforçou.De acordo com o frei, pode-se dizer que a jornada de lutas desta semana foi motivada principalmente, pela expansão da monocultura do eucalipto, num momento em que se vive uma crise de aumento dos preços dos alimentos. “Se você quer um fato pontual que acendeu a luz vermelha para a Via Campesina, eu interpreto que esse é o fato mais grave e eu acho que a questão dos transgênicos também”, disse.Rosângela Piovesani, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) destacou que as ocupações de terras, propriedades de multinacionais e prédios públicos têm um caráter de denúncia. “A gente está fazendo uma denúncia do modelo que o Brasil optou e que nós camponeses e camponesas, que produzimos alimento, estamos preocupados com a biodiversidade, com a soberania alimentar, com a soberania das nossas variedades [de sementes e cultivares] e da água”.De acordo com as entidades camponesas, é necessário que o governo invista mais no modelo de agricultura familiar, em pequenas propriedades e com sementes crioulas e nativas, em lugar da agricultura em grandes propriedades, com transgênicos.Frei Sérgio, do MPA, também afirmou que as ocupações não significam que os movimentos sociais vão endurecer o discurso com relação ao governo. “O governo tem que mostrar de que lado que ele está, nós temos mostrado para qualquer governo de que lado nós estamos, a nossa postura é a mesma, o governo pode ter uma postura diferente, nós esperamos que o governo sente e discuta com a gente isso aqui”, disse, se referindo a um documento que traz 13 propostas da Via Campesina em relação à política rural.