Agência Brasil
Brasília - Opresidente da Venezuela, Hugo Chávez, pediu ontem (8) ao novolíder das Forças Armadas Revolucionárias daColômbia (Farc), Alfonso Cano, que encerre a luta armada nopaís e liberte todos os reféns em poder da guerrilha. As informações são da BBC Brasil.
“Vamos,soltem toda essa gente. Há anciãos, mulheres e soldadosdoentes que têm dez anos presos. Já basta”, disseChávez, ao afirmar que os presidentes Luiz Inácio Lulada Silva e outros mandatários latino-americanos e europeusestão dispostos a trabalhar em favor de um acordo de paz naColômbia.
Em seuprograma semanal de televisão, o presidente venezuelano tambémresponsabilizou as Farc pelo que chamou de “ameaça” porparte dos Estados Unidos na região.
“A lutaarmada está fora de lugar. A guerra de guerrilhas passou àhistória e vocês, das Farc, devem saber que seconverteram em uma desculpa do império para ameaçar atodos nós, são a desculpa perfeita. No dia em que sefaça paz na Colômbia acaba a desculpa do império,a principal delas, o terrorismo”, acrescentou.
Chávez– que desde o fracassado golpe de Estado de 2002 acusa Washingtonde querer derrubá-lo – disse que o governo dos EstadosUnidos utiliza o terrorismo como subterfúgio para ameaçarseu país com a possível instalação de umabase militar norte-americana na Colômbia.
Essa foi a primeira vez em que Chávez utiliza um tom enérgico paracriticar a guerrilha – fundada há 44 anos por ManuelMarulanda Vélez ou Tirofijo (tiro certeiro, na traduçãoliteral). O líder teve sua morte confirmada pelas Farc há15 dias.
Desde2001, o governo da Colômbia, dos Estados Unidos e de algunspaíses da União Européia qualificam as Farc comogrupo terrorista. O programa de ontem mostra uma mudança naatitude de Chávez, que, há poucos meses, pediu ao restomundo que enxergasse a guerrilha como um exército legítimo.
Ascríticas de Chávez também ocorrem em meio a umambiente de tensão entre seu governo e o do presidente colombiano, Álvaro Uribe, que o acusa de manter vínculoscom o grupo armado.
Omandatário venezuelano nega as acusações eafirma que os contatos estabelecidos com as Farc foram realizadosapenas quando Bogotá solicitou sua intervençãopara mediar um acordo humanitário que previa a libertaçãode reféns em troca de guerrilheiros presos.
A crisediplomática na região andina – que tambémenvolve o Equador – começou no dia 1º de março,quando o exército colombiano realizou uma incursãomilitar em território equatoriano para eliminar um acampamentoda guerrilha. Durante a operação, Raúl Reyes,número dois das Farc, foi morto.