Brasil vai vencer guerra dos biocombustíveis, diz Lula

09/06/2008 - 8h00

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (9)que os principais “ataques” aos biocombustíveis vêmdas empresas produtoras de petróleo e que o Brasil vai venceressa guerra.

“Não existe nenhuma explicação,lá fora, para dizer que a cana-de-açúcar estáinvadindo a Amazônia. É um absurdo muito grande.Mostramos para eles [líderes de governo] que de toda acana que temos, apenas 21 mil hectares estão plantados pertoda Amazônia, que a distância do local que se planta canano Brasil para a Amazônia são milhares de quilômetrose que o Brasil tem tecnologia.”

Em seu programa de rádio semanal Cafécom o presidente, Lula disse que nenhum governo deixaria deplantar alimento “para encher um tanque de carro” e caracterizoua ação como um comportamento “insano”.

Elereconheceu que as condições de trabalho no corte dacana-de-açúcar no Brasil são “muito pesadas”e afirmou que o governo federal, por meio daSecretaria-Geral da Presidência da República, jánegocia comempresários um contrato de trabalho que possibilite melhorsituação para os cortadores.

Lula destacou que apenas no estado de SãoPaulo, 50% do corte de cana-de-açúcar já foimecanizado e que cada máquina substitui, em média, de80 a 90 trabalhadores.

“Nãoqueremos substituir o homem pela máquina, queremos que amáquina corte cana, mas queremos que o ser humano que hojecorta a cana tenha a possibilidade de ter um trabalho melhor, umtrabalho digno. Ou seja, criar as condições para queele possa trabalhar com dignidade até que se forme em outracoisa e a gente possa então ter uma máquinasubstituindo o homem.”

Opresidente acredita que a Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) - da qual participou na semana passada em Roma (Itália) - ocorreu em um momentoimportante, já que grande parte dos países estápreocupada com a inflação provocada pelo aumento dospreços dos alimentos. Ele garantiu que não foi aRoma apenas para defender os biocombustíveis e ressaltou que omundo vive uma verdadeira guerra comercial.

“Sabemosos interesses dos países que não produzem etanol, ouque produzem etanol do trigo e do milho – que não écompetitivo e é mais caro, diferentemente da cana. O Brasiltem o combustível, tem a matéria prima e fomos mostrarpara eles: olha, não tenho medo, se vocês nãoquerem plantar nos países de vocês, vamos fazer parceriacom os governos africanos, com os países da AméricaCentral, do Caribe, da América do Sul e vamos plantar umaparte do combustível que precisamos para diminuir a emissãode gás efeito estufa.”