Marco Antônio Soalheiro e Marcos Chagas*
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Preso por deserçãona madrugada de ontem (4) em São Paulo, dias apósrevelar em entrevista à Revista Época um relacionamentohomossexual com um colega de trabalho, o sargento Laci Marinho deAraújo, que se encontra sob cuidados médicos, foi transferido hoje para Brasília. Segundo oConselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Laci Araújo e ocompanheiro Fernando de Alcântara sofreram ameaças aose recusarem inicialmente a viajar.“Eles foram ameaçadoscom a possibilidade de dar ao sargento Laci um sedativo para quefosse transportado. Um helicóptero da FAB [Força AéreaBrasileira] pousou próximo a um hospital para buscá-los,com pessoas com metralhadoras para fazer escolta, como se fosse umapraça de guerra”, relatou à Agência Brasil oadvogado do Condepe, Francisco Lúcio França. O Exércitoconsidera o sargento Laci desertor por ter faltado a oito dias detrabalho. Entretanto, o militar alega que a ausência foi motivada porproblemas de saúde. Em Brasília, o sargento foiencaminhado para o hospital militar, mas segundo o seu companheiro, Laci teria sido desrespeitado durante a viagem. “Ele foi jogado daaeronave algemado”, afirmou o sargento Alcântara.Os senadores EduardoSuplicy (PT- SP) e José Nery (Psol-PA) visitaram Laci e afirmaram que o sargento está insatisfeito em ser enquadradocomo desertor. Eles recomendaram ao militar que escreva um carta aosenadores da Comissão de Relações Exteriores eDefesa Nacional e que aponte os motivos de sua insatisfação.Sobre o tratamentodispensado ao preso, Suplicy defendeu um voto de confiança àsautoridades. “Confiamos na palavrado ministro da Defesa [Nelson Jobim] e do comandante do Exército[Enzo Peri] de que ele [Laci] será tratado com o devidorespeito.”O Condepe expediuofício ao Conselho Federal de Medicina para que façauma perícia independente sobre as condições desaúde do militar preso. Outro pedido é para que oConselho Nacional dos Direitos da Pessoa Humana acompanhe o caso emBrasília. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Exército confirmou que o sargento encontra-se sob cuidados médicos no Hospital das Forças Armadas (HFA) e está à disposição da Justiça Militar. Sobre as acusações de desreito ao sargento, a assessoria informou não ter nada a declarar.