Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Com a iniciativa da própria base do governo, a Comissão de Infra-Estrutura do Senado aprovou hoje (5) onze requerimentos de convite a ex-diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), inclusive de Denise Abreu, que denunciou uma suposta interferência da Casa Civil da Presidência da República no processo de aquisição das empresas Variglog e Varig.A decisão de investigar a denúncia, publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, seguiu a mesma estratégia utilizada pela base governista de tomar a iniciativa de requerer uma CPI mista para investigar utilizações abusivas dos cartões corporativos por parte de servidores e autoridades públicas. O requerimento foi apresentado à comissão pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e pela líder do PT, Ideli Salvatti (SC)."Entendemos que é necessário que essa comissão ouça os principais personagens, formalmente envolvidos no processo de compra e venda da Variglog e da Varig", afirmam Jucá e Ideli no requerimento.Após a aprovação das convocações, o líder do governo afirmou, em entrevista, que o Executivo não teme "qualquer tipo de apuração" sobre esse assunto. Quanto à possibilidade de abertura de uma nova comissão parlamentar de inquérito, desta vez exclusiva do Senado, Romero Jucá disse que é preciso, primeiro, verificar como evoluirão as investigações na comissão.Esta investigação acontecerá em duas etapas: na quarta-feira (11), deverão ser ouvidos, além de Denise Abreu, outros diretores da Anac e o ex-presidente da instituição Milton Zuanazzi. Está previsto, ainda, o depoimento do juiz da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Luiz Roberto Ayoub.Já no dia 18 (também uma quarta-feira) deve comparecer ao Senado, para a audiência pública, o advogado Roberto Teixeira, amigo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com as denúncias publicadas na imprensa, o advogado teria usado contatos pessoais no governo para intermediar a aquisição da Varig e VarigLog pelo fundo americano Matlin Patterson e outros três sócios brasileiros, que também prestarão seus esclarecimentos sobre o assunto no mesmo dia.Apesar de considerar graves as denúncias que envolvem o nome da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a oposição adotou uma postura de cautela nas apurações. Perguntado sobre a possibilidade de abertura de uma CPI, no Senado, para investigar o caso, o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), afirmou que é necessário, antes, "saber se haverá condições de trabalho na mesma época em que os partidos realizarão suas convenções para escolha dos candidatos a prefeitos nas eleições de outubro.Já o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), afirmou: "Tem que investigar. Tem que haver o convite {pela Comissão de Infra-Estrurura] a Denise Abreu e aos ex-diretores da Anac, para ver se confirmam o que ela diz. Confirmada a denúncia, o tráfico de influência estará caracterizado e a prática do ilícito na Casa Civil estará configurado".