Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O advogado do ConselhoEstadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) em São Paulo,Francisco Lúcio França, destacado para acompanhar ocaso da prisão do sargento Laci Marinho de Araújo,detido pelo Exército por deserção dias apósconfessar um relacionamento homossexual com outro sargento (Fernando de Alcântara), acreditaque os dois militares são vítimas de perseguição porsua opção sexual. “As coisas seacirraram após a entrevista dada à revista Época[quando os dois militares revelaram o relacionamento]. O apartamento deles foiinvadido, totalmente quebrado e os dois receberam ameaças de mortepelo telefone”, afirmou França, em entrevista àAgência Brasil. Segundo o advogado, naopinião dos próprios militares envolvidos, a acusaçãode deserção “é um artifício usado paraprendê-los e afastá-los do convívio social”.Isso pelo fato de serem o primeiro casal militar homossexual a revelar sua opção sexual. “Eles estãorompendo um tabu nas Forças Armadas, apesar de entenderem quehá outros casos lá dentro de pessoas que não serevelam. E se a opção sexual é deles, que é livre egarantida pela Constituição, por que eles teriam que seomitir?”, questionou França. Hoje (5), o sargento LaciMarinho de Araújo, que está sob cuidados médicos,foi transferido para Brasília, onde permanecerá à disposição da Justiça Militar. Ele foi preso em SãoPaulo, na madrugada de ontem (4), após participar de uma programade televisão, que repercutia a entrevista concedida à revista Época.“Ele [Laci] mora no Setor Militar em Brasília numapartamento funcional. Então se ele era desertor, porque nãofoi preso antes? Por isso, a alegação de que a prisão foi feita em decorrência da opção sexualassumida pelos dois”, disse França.