Efeito do cancelamento de vôos sobre o turismo levou ministério a financiar estudo

22/05/2008 - 10h21

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Emboratenha sido coordenado pela Associação Brasileira deEmpresas de Transportes Aéreos Regionais (Abetar) e realizadopor um professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica(ITA), o estudo técnico – que indica diminuição no número decidades atendidas por vôos comerciais regulares devido à “liberalização do setor” e àconcorrência “predatória” entre as companhias – foiencomendado e pago pelo Ministério do Turismo.Segundo o assessor especial daministra Marta Suplicy, Roberto Garibe, a redução donúmero de municípios e de microrregiões quecontam com vôos comerciais regulares afeta o incremento daatividade turística nas localidades atingidas, razãopela qual o ministério encomendou o estudo. “O turista[brasileiro ou estrangeiro] não chega a certos destinosdo país se não houver linhas aéreas. Se nãohouver acesso aéreo o futuro turístico desses locaisfica comprometido. Daí nosso esforço em apoiar todotipo de estudo e iniciativa que melhore a cobertura aérea.”Garibe explicou à AgênciaBrasil que o objetivo do estudo é analisar como estáorganizada a malha aérea e se ela atende à propostaministerial de priorizar o incentivo a determinadas localidadesturísticas. “Essa é a intenção doministério, a razão de ser desse trabalho. Mostrar queestamos investindo em destinos que poderiam ter uma forçaainda maior caso tivessem uma melhor cobertura aérea”.O assessor afirmou que o fato de oministério ter custeado o estudo não pode ser vistocomo um sinal de que concorde com as conclusões e sugestõesapresentadas no estudo. Garibe frisou que o ministério nãotem qualquer intenção ou interesse de beneficiar osinteresses de qualquer grupo ou companhia. “Para o turismo, aaviação regional é importante porque podeincrementar o número de cidades atendidas por linhas aéreas.Hoje, esse número é muito pequeno e concentrado”,disse o assessor.Entrevistado por telefone, Garibenão soube precisar o valor pago pelo estudo, “mas acho queficou em torno de R$ 300 mil reais”, e disse não verqualquer conflito de interesse em o ministério custear otrabalho coordenado pela Abetar, à qual estãoassociadas as empresas aéreas regionais, diretamenteinteressadas no assunto. “Tivemos cuidado para que o estudocontasse com a participação dos técnicos quemelhor pensam a aviação regional. Todos os envolvidossão reconhecidos como grandes pensadores do tema. Nãoconcordamos com tudo, mas o estudo pode provocar o debate sobre algoque o governo ache importante fazer."Segundo Garibe, o estudo jáfoi entregue pela ministra Marta Suplicy ao ministro da Defesa,Nelson Jobim, que o encaminhou à Secretaria de AviaçãoCivil, com quem o Ministério do Turismo tem discutido formasde divulgar o documento para outros setores envolvidos com o tema.“Queremos que o estudo seja uma referência na discussãodo marco regulatório capaz de incrementar a aviaçãoregional no país, uma discussão que resulte em umapolítica que proporcione a maior cobertura aérea.”