Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O resgate de títulos do governo federal e a valorização do real perante o dólar fizeram a dívida pública federal registrar queda em abril. Segundo relatório divulgado hoje (20) pela Secretaria do Tesouro Nacional, o estoque da dívida pública federal caiu 2,8% no último mês, passando de R$ 1,356 trilhão em março para R$ 1,318 trilhão em abril.A dívida mobiliária (em títulos) interna caiu de R$ 1,25 trilhão para R$ 1,218 trilhão, queda de 2,5%. De acordo com o Tesouro Nacional, esse resultado ocorreu porque o governo resgatou R$ 43 bilhões a mais do que lançou em títulos em abril. O resgate líquido superou até a apropriação de juros de R$ 11,6 bilhões no mês passado.A dívida pública externa fechou abril em R$ 99,6 bilhões, 6,25% a menos que os R$ 106,25 bilhões registrados em março. Segundo o Tesouro, a queda se deve à valorização do real e ao vencimento de dois títulos externos: o Global 2008 e o DM 2008.Apesar da queda no volume, a dívida mobiliária interna registrou piora no perfil no último mês. A proporção de títulos atrelada à Selic (taxa básica de juros da economia) aumentou de 36,51% em março para 38,41% em abril. O percentual de papéis prefixados, no entanto, caiu de 36,26% para 34% de um mês para outro. Os títulos prefixados são melhores para a administração da dívida pública porque permitem ao governo saber exatamente quanto será gasto no resgate desses papéis.Esses percentuais foram registrados após o swap cambial reverso – operação que, na prática, funciona como resgate de dólares no mercado futuro e impede a queda ainda maior da moeda norte-americana em relação ao real.O aumento dos títulos indexados aos juros básicos ocorreu no mês em que o Banco Central reajustou, pela primeira vez em quase três anos. Na reunião de abril, o Comitê de Política Monetária (Copom) do banco aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual, de 11,25% para 11,75% ao ano.Na ocasião, o Ministério da Fazenda informou que o impacto desse aumento sobre a dívida pública seria de R$ 2,9 bilhões até o final do ano. A maior participação de títulos atrelados à Selic indica que futuros aumentos na taxa básica da economia terão maior impacto sobre a dívida pública.