Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Principal responsável pela queda de 2,8% na dívida pública federal em abril, o resgate líquido de R$ 46,4 bilhões na dívida do Tesouro não está relacionado a um eventual aumento da desconfiança dos investidores em relação aos papéis do governo brasileiro, garantiu hoje (20) o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Guilherme Pedras, da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).Segundo Pedras, a concentração de vencimentos de títulos no primeiro mês de cada trimestre foi o que fez o resgate de títulos ser superior às emissões em abril. No mês passado, o Tesouro Nacional registrou resgate líquido (total dos resgates menos o total das emissões) de R$ 43 bilhões nos títulos da dívida interna e de R$ 3,45 bilhões nos títulos da dívida pública externa.Uma dívida menor indica que as contas públicas estão sofrendo menos pressão. Por outro lado, a queda pode ser interpretada como a redução do colchão de recursos, que serve de garantia para o país em momentos de crise e indica diminuição do interesse dos investidores em adqurirem papéis do Tesouro Nacional.O coordenador, no entanto, nega que a diminuição da dívida pública represente comprometimento da capacidade de o Tesouro agir em momentos de crise. “O resgate líquido, de fato, abate o colchão, mas isso é compensado pelo superávit primário”, rebateu Pedras. O superávit primário é a economia de recursos que o setor público faz para pagar os juros da dívida.De acordo com Pedras, o vencimento de títulos prefixados em abril foi o principal responsável pelo aumento da parcela da dívida mobiliária (em títulos) interna atrelada à Selic (taxa básica de juros da economia), que no último mês passou de 36,51% para 38,41%. Ele, no entanto, admitiu que a elevação dos juros básicos de 11,25% para 11,75% ao ano, decidida pelo Banco Central no último mês, também teve efeito na elevação da participação dos papéis corrigidos pela Selic na dívida.“Os juros se elevaram e o Tesouro passou a fazer leilões mais conservadores, reduzindo a oferta de títulos prefixados e aumentando a de papéis atrelados à Selic”, explicou Pedras. Ele porém disse não acreditar que o perfil da dívida pública tenda a piorar nos próximos meses: “Apesar de a participação dos títulos prefixados ter caído, o prazo médio da dívida aumentou e o custo médio diminuiu, o que indica que o perfil está melhorando”, disse Pedras.Em abril, o prazo médio da dívida pública subiu de 40,26 meses para 41,65 meses. A proporção dos títulos de curto prazo (que vencem nos próximos 12 meses) passou de 28,72% para 25,37% no mesmo período. O custo médio, segundo o relatório do Tesouro Nacional, caiu de 17,73% ao ano em março para 11,71% ao ano.