Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O efeito dos subsídiosagrícolas norte-americanos na alta dos preços dos alimentos émuito pequeno. A afirmação foi feita hoje (19) pelo subsecretáriode Programas Agrícolas e Assuntos Internacionais doDepartamento de Agricultura dos Estados Unidos, Mark Keenum, que estáno país para a 3ª Reunião do ComitêConsultivo Agrícola Brasil – Estados Unidos.Keenum afirmou que sãovários os problemas que interferem na alta dos alimentos, comoa “oferta fraca” e a “demanda forte”, além dos efeitos climáticos,que geraram redução na produção de trigoe arroz, por exemplo. Mas ressaltou que seu país vem batendorecordes em produção, destinada tanto para o abastecimento alimentício como para a produção de combustível.Citando como exemplo omilho, considerado um dos grandes vilões ao marketing dosbiocombustíveis, ele disse que os EUA produziram, no anopassado, mais de 13 bilhões de sacas do produto, um recordehistórico. Segundo ele, mesmo subtraindo-se o volume utilizadopara a fabricação de etanol, a produçãoainda é muito superior à demanda interna.O subsecretárionorte-americano disse já ter visitado usinas de cana-de-açúcar,refinarias de etanol e lavouras de soja desde que chegou ao Brasil e afirmou que os dois países são os maiores exportadores dealimentos.O secretário deRelações Internacionais do Agronegócio, CélioPorto, do Ministério da Agricultura, disse que, na reunião do comitê, o governobrasileiro marcou sua posição contrária àsbarreiras ao comércio. “Se não houvessebarreiras aos biocombustíveis, vários paísesestariam produzindo e fornecendo. Isso ajudaria a combater a pobrezaem países da África e da América Latina”, afirmou. Porto também disse que é importante que se saiba aquem interessa as críticas aos biocombustíveis. Segundo o secretário, a maior interessada é a indústria do petróleo. Ele afirmou que, das commodities estratégicas mundiais, o petróleo é uma das que tem tido os maiores índices de aumentode preço e com maior impacto sobre a economia. “Sem dúvida, oimpacto do petróleo para a inflação no mundo émaior do que o impacto dos alimentos, porque no caso dos alimentos aalta de preços momentânea estimula a produçãoe, havendo a produção, os preços voltam ànormalidade. No caso do petróleo, não há muitomais como estimular a produção, porque ela éfinita", avaliou.Na reunião, ficou acertado pelos representantes dos dois países que uma missãonorte-americana virá ao Brasil no mês que vem para verificar as condições sanitárias do rebanho de bovinos e suínos do estado deSanta Catarina, considerado livre da febre aftosa sem necessidade devacinação. O Ministério da Agricultura pede oreconhecimento também de outros estados, já que, nocaso da carne bovina, os catarinenses não são um grandeprodutor. Em contrapartida, no entanto,o governo norte-americano pediu que o Brasil reconheça os Estados Unidos comopaís livre do mal da vaca-louca. A reunião do ComitêConsultivo Agrícola Brasil – Estados Unidos segue até amanhã (20).