Roubo de bens artísticos preocupa especialistas do Mercosul

19/05/2008 - 19h36

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O roubo e o tráfico de bens culturais nos países do Mercosulmobilizam autoridades dos institutos nacionais ligados ao setor, que discutem oassunto até a próxima quarta-feira (21), durante a 9a Reunião doComitê de Patrimônio Cultural do Mercosul. O encontro foi aberto hoje (19), no Rio deJaneiro, com representantes de Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai, Uruguai eVenezuela.Pelo menos 934 peças tombadas pelo Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional (Iphan) constam como roubadas, a maioriaexemplares de arte sacra furtados de igrejas, principalmente nos estados do Riode Janeiro e de Minas Gerais.O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, destacouque muitas dessas obras de arte não têm como destino os mercados europeu,norte-americano ou asiático, como geralmente se pensa, mas acabam sendovendidas aqui perto, em países do Mercosul. “As vezes a gente fica com a impressão de que as coisas saemdaqui e vão só para a Europa e os Estados Unidos, mas há muito patrimônio doUruguai que está no Brasil e patrimônio do Brasil que está na Argentina. Entãoé fundamental que a gente proteja as nossas fronteiras próximas.”Almeida lembra de roubos recentes e que nunca foramsolucionados pela polícia, como as quatro pinturas de Salvador Dali, Monet, Picasso e Matisse, levadas em fevereiro de 2006,do Museu Chácara do Céu, no Rio.Ele cita ainda o caso do furto em dezembro de 2007 de O Lavrador de Café, de Portinari, e Retrato de Suzanne Bloch, de Picasso, do Museu de Arte de São Paulo (Masp) que, embora tenha sido resolvido, demonstrou o frágil esquema de segurança do local.“O saque ao patrimônio cultural brasileiro prejudicaprincipalmente as próximas gerações. Não estamos conservando o passado, mas oque vai dar significado ao nosso futuro.”A lista com detalhes e fotos das obras roubadas podeser acessada no site www.iphan.gov.br, no qual também é possível denunciar a localização das peças.