Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo brasileiroserá o primeiro no mundo a lançar um site nainternet para receber denúncias e rastrear casos deviolência sexual contra crianças e adolescentes. A novaferramenta deve estar disponível em um prazo de trêsmeses. O anúncio foifeito hoje (19) pela subsecretária da Criança e doAdolescente, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos daPresidência da República, Carmem Oliveira. Elaparticipou, no Rio de Janeiro, da lançamento do 3ºCongresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexualde Crianças e Adolescentes, previsto para ocorrer na cidade de25 a 28 de novembro. Segundo asubsecretária, todas as iniciativas desse tipo jáimplementadas são no âmbito da sociedade civil. Eladisse acreditar que com mais esse site, o processo deidentificação dos casos e a punição dosresponsáveis pela exploração sexual contracrianças será acelerado. O projeto é umaparceria entre a secretaria, a Polícia Federal e a OrganizaçãoInternacional de Polícia Criminal (Interpol)."Vamos receberdenúncias e teremos um sistema de rastreamento que vai nospermitir muito mais rapidamente acionar a Polícia Federal, oque era um dos problemas. As denúncias chegam de váriaspartes, muitas vezes até duplicadas e não nos davam adevida proporção do problema no Brasil", explicou.A representante doFundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)no Brasil, Marie Pierre Poirier, disse que iniciativas como essarefletem a determinação do governo brasileiro em acabarcom a impunidade nos casos de exploração sexual. E essefoi um dos motivos, segundo ela, pelo qual o país foiescolhido para sediar o 3º Congresso Mundial de Enfrentamento daExploração Sexual de Crianças e Adolescentes."O governobrasileiro falou 'nós não queremos o terceiro congressonuma seqüência de 50. Queremos agora construir em cima docongresso que começou na Suécia'. O Brasil nãoquer mais falar de resoluções, mas de resultados. Querdesenvolver metas concretas, construindo indicadores que nãoexistem no cenário internacional", destacou.O lançamento docongresso contou também com a presença da primeira-damaMarisa Letícia Lula da Silva, presidente de honra do evento.Ela disse que vai participar do encontro, e lamentou que esse tipo deviolação aconteça no país."É umhorror, temos que mudar. Temos que começar a levar [essetema] para dentro do nosso trabalho, começar a discutiresse assunto, e a população tem que nos ajudar",disse.O ministro PauloVanucchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, tambémenfatizou os esforços que o governo vem implementando paracombater a violência sexual contra crianças eadolescentes. Ele destacou que oserviço de discagem direta e gratuita disponível emtodos os estados, o Disque 100, como uma ferramenta importante nocombate à exploração sexual. Segundo ele, nosúltimos três anos o volume de chamadas diáriasrecebidas passou de cerca de 170 para 2 mil, das quais 90% seconfirmam como denúncias efetivas."Vamos fazer doano do congresso um evento em que o Brasil reforce o seu compromissocom o enfrentamento à erradicação do problema nopaís", afirmou. A terceira ediçãodo congresso deve reunir três mil pessoas, dentre os quais 300adolescentes. As ediçõesanteriores foram realizadas em Estocolmo, na Suécia (1996), eem Yokohama, no Japão (2001).