Da Agência Brasil
Brasília - A JustiçaFederal do Maranhão condenou a 14 anos de prisão ofazendeiro Gilberto Andrade, por manter trabalhadores em situação análoga à escravidão em suas fazendas. Gilberto járespondia a vários processos por trabalho escravo no Maranhãoe no Pará, onde ele foi acusado de marcar a ferro um dostrabalhadores, que reclamou da má qualidade da comida e da faltade pagamento dos salários. No Maranhão,existem sete processos criminais contra o fazendeiro, todos por manterpessoas em situação de trabalho escravo. “Ostrabalhadores eram mantidos em situação desumana detrabalho, no meio do mato, sem comida ou com comida muito precária,sem água potável, sem lugar para dormir, sem um lugarhigienizado, sem moradia, com banheiro e água, seja para tomarbanho, seja para a sua higiene pessoal, seja para matar a sede”, informou o procurador da República no Maranhão, JoséLeite Filho. Segundo ele, o fazendeiro é um das primeiraspessoas no país a terem registro de trabalho escravo, em 1979.Em 2005, Gilberto Andrade tevesua prisão preventiva decretada, mas foi solto, porque oTribunal Regional Federal da 1ª Região, sediado em Brasília, entendeu que o crimeera estadual, anulou o processo e o encaminhou à JustiçaEstadual.Esse foi o primeiroprocesso concluído contra Gilberto Andrade. “A prisãonão foi especificamente por conta dessa condenação,a prisão dele aqui no Maranhão foi por conta dosinúmeros processos que ele tem contra si, como o de reduçãoà condição análoga à de escravo, crime de ocultação de cadáver e de aliciamentode trabalhadores, além da multa de 7,2 mil salários-mínimos,no valor vigente à época dos crimes. E desse fato novono Pará que ele foi novamente encontrado com trabalhadores emsituação de escravidão”, disse o procurador.De acordo com oprocurador José Leite Filho, o crime de trabalho escravo não é umprivilégio das regiões Norte e Nordeste. “Bolivianos, peruanos, paraguaios são submetidos a situaçõesdesumanas ou degradantes de trabalho em São Paulo, noNordeste e Norte. Isso ocorre por conta da situaçãoprecária geral em que vive a população no interiorno campo, que se vê obrigada a aceitar qualquer coisa para trabalhar”, disse o procurador.