Yara Aquino
Enviada especial
Lima (Peru) - A crise mundial de alimentos e um pedido de ajuda para o Haiti farão parte do o documento final da 5ª Cúpula América Latina, Caribe e União Européia, que ocorre em Lima, no Peru. Isso foi o que adiantou hoje (15) o ministro de Assuntos Exteriores e Cooperação da Espanha, Miguel Ángel Moratinos.Ángel confirmou a inclusão, na Declaração de Lima, de uma convocação para a comunidade européia e latino-americana para contribuir financeiramente com um fundo humanitário para enfrentar a crise alimentar no Haiti. O instrumento ocorreu por iniciativa do Brasil e da Espanha.Segundo ele, além da ajuda para o Haiti, a crise alimentar é tratada em dois parágrafos da Declaração de Lima. O esboço do documento foi acertado na reunião de altos funcionários dos países encerrada ontem (14).“Cremos que isso será um pouco a plataforma sobre a qual trabalharão os chefes de governo na conferência da FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura], que ocorre em Roma em junho para tratar do assunto”, disse em entrevista coletiva.O documento será debatido hoje (15) pelos ministros de Relações Exteriores dos 60 países que participam do encontro e amanhã (16) será aprovado pelos chefes de Estado. De acordo com Ángel, o texto foi concluído sem pontos pendentes.Por iniciativa espanhola, foi incluído no documento o convite para que se mantenha o diálogo sobre a migração entre as três regiões. “Cremos que, por meio de um diálogo integrado, podemos resolver o tema migratório”, disse Ángel. Segundo ele, a discussão em torno do tema deu-se com “espírito de corresponsabilidade”.O ministro espanhol afirmou que, durante a reunião de chanceleres, pedirá agilidade no avanço das negociações de acordos regionais entre os países da América Latina, Caribe e União Européia: “Creio que todos temos os mesmos objetivos, o que falta são mecanismos de cooperação e luta contra os desafios”.O chanceler espanhol não descartou a possibilidade de um encontro entre o primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero, e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ángel, no entanto, afirmou que é preciso esperar a chegada dos dois chefes de Estado a Lima para que seja tomada qualquer decisão. “Há sempre disposição para o diálogo e a Espanha está disposta a fazê-lo”, disse.Esse deve ser o primeiro encontro entre mandatários dos dois países desde o desentendimento entre Chávez e o rei da Espanha, Juán Carlos, que ocorreu na 17ª Cúpula Iberoamericana, no ano passado no Chile. Na ocasião, Juán Carlos incitou Chávez a calar-se quando o líder venezuelano tentou interromper Zapatero, durante a última sessão plenária da cúpula.