Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, afirmou hoje (15) que a polêmicasobre a produção de biocombustíveis e,sobretudo, da influência da produção do etanolbrasileiro nos preços dos alimentos, serão levadas àprimeira reunião formal dos ministros das RelaçõesExteriores do Bric – grupo formado pelos quatro maiores paísesemergentes: Brasil, Rússia, Índia e China. O encontroacontece amanhã na cidade russa de Ecaterimburgo.“Evidentementeutilizaremos a ocasião para demonstrar o falso nexo decausalidade que existe entre o problema alimentar e o biocombustível,sobretudo o etanol. Não diria que é nosso objetivocentral convencê-los disso, mas seguramente os biocombustíveisestarão presentes”, disse Amorim, por telefone, em entrevista àEmpresa Brasil de Comunicação (EBC).Amorim admite que ointeresse dos países do Bric em relação aosbiocombustíveis deve variar de acordo com as matrizesenergéticas de cada um. “A Rússia é grandeprodutora de petróleo, então o interesse dela nãoé idêntico [ao do Brasil]. Já a China e aÍndia têm mais interesse”, disse.Temas como a crise noHaiti e o atual contexto estabelecido no Oriente Médio,segundo o ministro, também devem ser abordados. Ele classifica oencontro entre os ministros como “uma reunião de caráterhistórico”, já que, pela primeira vez, os quatropaíses emergentes que representam 25% do território doplaneta e cerca de 42% da população mundial se reúnem.“Analistas dizem quea recessão que poderia ter sido gerada pela crise financeiranorte-americana só não se expandiu por causa docrescimento desses países. É muito importante que oBrasil tenha uma relação próxima e um diálogodireto [com os demais emergentes], porque isso tem influênciana organização dos bancos internacionais”, disse.Na manhã de hoje(15), Amorim se encontrou com o ministro de RelaçõesExteriores da China, Yang Jienchi. Amanhã (16), estáprevisto um encontro bilateral com o ministro indiano PranabMukherjee. “Esses encontrosmostram claramente que a geografia mundial está mudando. Adiscussão vai se aprofundar amanhã”, disse Amorim.O ministro Amorimacredita que, ao final do encontro, deve ser elaborado um relatórioque aponte uma declaração conjunta dos quatro países.Questionado sobre umapossível participação brasileira no G-8 (grupoque engloba os países mais industrializados do mundo e aRússia), o ministro derrubou os rumores de que a Rússiapoderia ser substituída pelo Brasil no grupo.“Não queremossubstituir ninguém. A Rússia é uma paísmuito importante no contexto mundial. O importante é podermostrabalhar juntos, porque somos países de grande peso ereconhecemos isso mutuamente. Não se trata de substituir, masde juntar esforços”.