Biocombustíveis devem ser um dos focos de cúpula de chefes de Estado no Peru

15/05/2008 - 10h16

Agência Brasil

Brasília - A polêmica sobrea produção de biocombustíveis e sua relaçãocom o aumento dos preços dos alimentos deve ser um dosprincipais pontos de divergência da 5ª Cúpula deChefes de Estado da América Latina e Caribe - UniãoEuropéia. O encontro começa hoje (15) em Lima, no Peru. As informações são da BBC Brasil.A previsão éde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegue àcapital peruana à tarde, com o objetivo de tentar convencer oschefes de Estado das regiões envolvidas de que o etanol à basede cana-de-açúcar não é o responsávelpela recente crise de segurança alimentar que provocouprotestos em diferentes partes do mundo.Alguns analistas,entretanto, acreditam que a tarefa de Lula não será tãosimples. "O que entrará em debate não ésomente a origem do etanol brasileiro e sim o modelo de produçãode biocombustíveis como um todo e sua real ameaça àprodução de alimentos", afirma Ernesto Velit,analista político da Universidade Ricardo Palma, em Lima. “Nãosei o que fará Lula para convencer seus colegas, mascertamente enfrentará muita oposição",acrescenta.Do ladolatino-americano, as críticas à produçãode biocombustíveis têm origem, inclusive, em governoscom modelos opostos de desenvolvimento. O presidente do Peru, AlanGarcia, e o presidente da Bolívia, Evo Morales – quedivergem sobre um tratado comercial com a União Européia– concordam que a produção dos biocombustíveisameaça as áreas destinadas à produçãode alimentos. Para o analistapolítico peruano Alejandro Deustua, ambos os chefes de Estadodevem reorientar suas críticas. Ele avalia que, ao se atribuira responsabilidade da inflação dos preços dosalimentos à produção de etanol, ignora-se doisaspectos "fundamentais” para ponderar a polêmica."É precisoconsiderar a especulação no mercado de alimentos queforam convertidos em commodities e não se podedescartar que há interesses políticos em gerar umacrise em torno do biocombustível", afirma Deustua. "Antesde condenar, é preciso estudar e avaliar."O presidente dacomissão organizadora da Cúpula, Ricardo Vega Llona,admitiu ontem (14) que o tema alimentar "demandará maisesforços para se ajustar a declaração final"do encontro.