Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A preocupação com a segurança alimentar deve levar aÁustria a rever sua posição de adicionar mais biocombustível na gasolina e no diesel em 2012. A informação édo secretário de finanças austríaco ChristophMatznetter , que hoje visitou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.Atualmente, na Áustria o percentual da mistura é de pouco mais a 5% na gasolinacomum, mas o país pretendia elevar essa cota para 10%. "Isso é claro. Nós temos que ter certeza [sobre o impacto]da conversão de gêneros alimentícios em combustíveis em virtude da discussãomundial. Isso deve ser visto como um problema porque existe uma discussão éticavoltada para a questão da segurança alimentar", disse. Segundo ele, a Áustria tem se preocupado mais com o uso dos biocombustíveis de segunda e terceira gerações, obtidos com areutilização de óleos comestíveis com o emprego de resíduos de plantas eoutros resíduos biológicos (biomassa).
Matznetter disse, porém, que espera unir a tecnologia existente no Brasil para a utilização do álcoolproduzido a partir da cana-de-açúcar com a tecnologia austríaca de produção debiocombustíveis. "Se combinarmos as tecnologias existentes no Brasil e naÁustria poderemos desenvolver soluções que estejam na ponta da tecnologiamundial", disse. Christoph Matznetter admitiu queas opiniões divergem entre os membros da União Européia, que deve adotar uma posição conjunta, quando se trata debiocombustíveis e produção de alimentos. Mas segundo ele, a opinião públicaestá convencida que a produção direta de combustíveis não pode ser uma soluçãode longo prazo.
"Vamos ser honestos. Nós nãosabemos se essa cota de 10% de biocombustível na gasolina e no diesesl não deveser revista. Talvez acota tenha que ser baixada", disse.
Ele disse ainda que reconhece a posiçãodo Brasil de não produzir combustíveis com prejuízos àprodução de alimentos, e acredita que acana-de-açúcar pode ser "bem usada" para ser exportada tanto no caso doaçúcare do etanol. "O Brasil apresenta um desenvolvimento extraordinário notocante ao aproveitamento de energias primárias que podem ser transformadas embioenergia: o etanol. Aqui, abrem-se perspectivas para negócios novos epromissores". Christoph Matznetter é um dos integrantes dacomitiva chefiada pelo chanceler da Áustria, Alfred Gusenbauer, quevisita o Brasil. Segundo Matznetter essa é a primeira vezque um chefe de governo austríaco visita o país em 150 anos.
"A visita baseia-se numaamizade pessoal com o presidente Lula. Em 1984, houve o primeiro contato, quandoLula ganhou um prêmio de direitos humanos", informou. Além dointeresse pelos biocombustíveis, os austríacos tem parcerias no Brasil na áreade tecnologia de ponta. Ontem, em São Paulo, foi inaugurada a torre de controledo aeroporto de Congonhas, que foi um projeto em parceria de técnicos daÁustria com engenheiros de software brasileiros.