Marco Antônio Soalheiro
Enviado Especial
Boa Vista (RR) - Os efeitos nocivos à fauna e à flora da Terra Indígena Raposa Serrado Sol se tornam mais intensos conforme se amplia o cultivo de arroz nareserva. Foi o que afirmou à Agência Brasil a superintendente doInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis(Ibama) em Roraima, Nilva Cardoso Baraúna. “Ocorre tipo uma degradação e contaminação em cadeia. Oagrotóxico lançado na agricultura, com a chuva é arrastado para osrios e provoca a morte de peixes e pássaros. E com isso chegam tambémao humano, que consome água in natura”, explicou Nilva.Com o sistema de detecção por georreferenciamento, técnicos doIbama têm verificado que as áreas de rizicultura na Raposa Serra do Solsão ampliadas ano a ano. O clima e a característica de solo propíciofavorecem um cultivo dinâmico, diz a superintendente: “O período decolheita é de três em três meses. Se retira uma safra e já se joga a outra”. Os arrozeiros que utilizam o Rio Surumu para produzir o arrozirrigado ocupam atualmente 36 mil hectares dos 1,7 milhão existentesna Raposa Serra do Sol, pela última demarcação. Segundo Baraúna, astentativas de diálogo com o grupo sobre questões ambientais nãoprosperaram. “Eles querem permanecer em área fértil, com água emabundância e terras griladas”, afirmou. O Ibama já aplicou multa de R$ 30,6 milhões por danos ambientaisao líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero, e promete punir outrosprodutores da área. A superintendente avalia que o valor não éexorbitante nem abusivo. “Quando começa a sentir no bolso, se pensaduas vezes em promover algum tipo de degradação desta natureza. O meioambiente é um bem público e as multas têm que corresponder ao dano queafeta a coletividade.”