Diretor da CNA analisa comportamento dos preços de alimentos

09/05/2008 - 19h03

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os preços de alimentos monitorados pelo governo "são exatamente os vilões da inflação", no entender do vice-presidente de Finanças da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Ágide Meneguette. No entanto, assinala ele, ao analisar o comportamento dos preços no longo prazo, "vê-se que os alimentos não são os itens que mais contribuem para a elevação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)".Também presidente da Federação da Agricultura do estado do Paraná (Faep), Meneguette alerta para "o perigo de análises simplistas sobre a inflação dos alimentos". Por isso, ele propõe uma avaliação "de longo prazo e conjuntural para se entender melhor as causas da recente alta de preços".O presidente da Faep falou sobre o assunto em Brasília, ao comentar os números dos índices de preços divulgados hoje (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE). Os dados do IBGE mostram alta do IPCA em abril último (0,55%), número acima do dobro do registrado em abril de 2007 (0,28%).A Faep divulgou também, por intermédio da CNA, estudo abordando o cenário mundial da produção de alimentos, com destaque para os entraves no aumento da produção no Brasil. No documento, o economista da Federação de Agricultura do Paraná Pedro Loyola lembra que a entidade cobra do governo, há anos, uma política agrícola consistente para o trigo", que no momento é um dos produtos que mais pressiona a inflação.O estudo diz que o produtor brasileiro foi estimulado a deixar de plantar trigo por falta de seguro rural, de política de garantia de renda e pelos problemas internos no escoamento da produção. "Temos problemas logísticos que inviabilizam o envio do trigo da Região Sul para o Norte e Nordeste do país. O frete marítimo é mais barato na Argentina e importamos praticamente 60% do que é consumido de trigo no Brasil. Por isso, vinhamos contando com importações da Argentina", explica Pedro Loyola, lembrando que uma das causas da escassez do produto no Brasil se deve à restrição de vendas feita por aquele país, que preferiu priorizar o consumo interno para controlar a sua própria inflação".Ainda de acordo com o economista, a ocorrência de problemas climáticos na maioria dos países produtores do trigo contribuiu para agravar a oferta de trigo no mercado internacional.