Brasil precisa resolver problemas estruturais para sustentar crescimento, diz diretor do Banco Mundial

09/05/2008 - 13h08

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor do Banco Mundial para o Brasil,John Briscoe, disse hoje (9) que embora o país viva um momento positivo de sua históriaeconômica, ainda existem problemas estruturais que precisam ser enfrentadospara que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país) seja sustentado.

Entre as reformas necessárias,ele destacou a tributária e previdenciária. Briscoe criticou o peso dos impostos naeconomia e a complexidade do sistema de cobrança de impostos em comparação comoutros países. "São quase 40% do PIB em comparação aos 20% dos concorrentes doBrasil, com uma complexidade, que eu só domino, talvez, 5% do sistema, que émuito difícil de compreender", afirmou.

O diretor do Banco Mundial tambémcriticou as distorções do sistema tributário pois, segundo ele, alguns setores,como a exploração de petróleo pagam 30% de impostos e outros não pagam nada.

John Briscoe pediu maturidadepolítica na condução da reforma tributária pois acredita que o problema é maisnesse sentido do que técnico. Ele enfatizou que as propostas sobre a reforma decerta forma convergem, mas a dificuldade está em não sesaber ainda como as mudanças devem ser implementadas.

"O problema é como ir. Os passos,quem vai perder, quem vai ganhar e como fazer um caminho daqui para lá, esse é oproblema principal. Esse é um problema que precisa de maturidade política, porque é um processo altamente político muito menos técnico",afirmou.

O presidente do Senado,Garibaldi Alves Filho, disse que a reforma tributária "está no forno" e disseacreditar que Casa poderá aprovar as mudança ainda este ano, se a Câmara fizer omesmo com a proposta até o final do semestre. "Seria muito bom para oBrasil, um país que se ressente de uma ordenação e racionalização de uma perspectivade cobrança de seus tributos", afirmou.

Garibaldi disse, dirigindo-se ao diretor do Banco Mundial, que o Senado não está esperandopassivamente a aprovação na Câmara pois uma comissão especial formada porsenadores já tem um relatório pronto sobre a reforma tributária. O documentoagilizaria a análise do projeto em tramitação na Câmara dos Deputados.

"Quandochegar o trabalho da Câmara se terá pronto e acabado o trabalho do Senado paraque possa daí resultar em um consenso em benefício do povo brasileiro", disse.

Garibaldi Alves Filho e JohnBriscoe participaram da abertura do seminário Reforma Tributária eTransferências Fiscais entre a União, Estados e Municípios, na sede doInterlegis, órgão do Poder Legislativo.