Legalização do aborto e fim do serviço militar obrigatório estão entre as prioridades dos jovens

30/04/2008 - 18h09

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Entre as 22 prioridadesaprovadas pelos delegados que participaram da 1ª ConferênciaNacional da Juventude, algumas referem-se a temas polêmicosque dividem a sociedade e estão diretamente relacionados aosjovens. Entre as propostas está o fim do serviçomilitar obrigatório, a manutenção da maioridadepenal em 18 anos e a legalização do aborto.Para Danilo Moreira,secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Juventude ecoordenador do encontro, o resultado serve como uma referência para a sociedade.“São temas que afetam diretamente a juventude. Serve [oresultado] até para sinalizar, porque muitas vezes ficatodo mundo debatendo e a opinião deles [dos jovens], que são osprincipais envolvidos, não é levada em consideração”,acredita.A legalizaçãodo aborto aparece no texto da 11ª prioridade, que se refere àsjovens mulheres. Os delegados pedem que seja aplicada "a lei deplanejamento familiar, garantindo o acesso a métodoscontraceptivos e a legalização do aborto". Segundo Moreira, o aborto foi tratado pelos delegados além dos valores morais ereligiosos envolvidos, mas como um problema de saúde pública.Em 14° lugar nalista de prioridades, com 336 votos, os jovens pedem o fim daobrigatoriedade do serviço militar e a criaçãode programas alternativos de serviços sociais não-obrigatórios. “É um debate teórico-culturalimportante para sociedade brasileira porque com a implementaçãodo serviço civil voluntário, as organizaçõesjuvenis colocam a importância do engajamento social em algumacausa relevante para um projeto de país mais justo”,defendeu o secretário nacional da juventude, Beto Cury.A posiçãocontrária à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, foi outra questão polêmicafortemente defendida durante a conferência. “A luta tem sido pelosdireitos da juventude e a redução atinge um direitofundamental, que é o da liberdade”, analisa Moreira. De acordo com ele, osdebates atuais têm colocado o jovem como agente da violência,quando na verdade ele é a vítima da ausência depolíticas públicas.