Faixa de 50 a 59 anos concentra maior parte dos trabalhadores autônomos

30/04/2008 - 15h05

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O grupo de trabalhadores brasileiros que exerce sua atividade de maneira independente, sem vínculo de emprego com nenhum estabelecimento nem em posição de empregador, está concentrado na faixa etária que vai dos 50 aos 59 anos (22,4%). Em relação ao total da população ocupada, 14,5% dos trabalhadores estão nesse grupo de idade.Já a faixa etária entre 25 e 29 anos corresponde a 9,2% dos trabalhadores autônomos. Os dados fazem parte do levantamento Perfil dos Trabalhadores por Conta Própria, divulgado hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo foi desenvolvido com base nas informações da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), que analisa seis regiões metropolitanas do país, comparando os resultados desde março de 2002 a março deste ano. Para a economista do IBGE Jussara Colen, técnica da PME, o percentual maior de pessoas mais velhas entre os trabalhadores por conta própria pode ser explicado porque muitos aposentados voltam ao mercado de trabalho em busca da recomposição salarial de suas famílias. "Diante dessa necessidade, muitas pessoas dessa faixa etária se tornam vendedores em domicílio ou vendedores ambulantes, como camelôs. Ainda que o rendimento seja pequeno, já que 70% dos trabalhadores por conta própria ganham menos do que dois salários mínimos, esse dinheiro dentro da família se transforma em uma renda importante", afirmou.Segundo Jussara, a necessidade de aumentar o rendimento familiar também explica a maior entrada das mulheres nos últimos seis anos nesse setor da economia. Em março de 2002, elas representavam 34,3% dos trabalhadores por conta própria, enquanto os homens eram 65,7%. Em março de 2008, a participação feminina havia subido para 39,2% e a dos homens, caído para 60,8%."Quase sempre, elas saem em busca de um trabalho que permita entrar com alguma coisa a mais no rendimento da família. Então elas desenvolvem habilidades como fazer um bolo ou salgadinho pra fora ou vão vender determinados produtos de forma independente", acrescentou.A técnica da PME destacou, no entanto, que apenas dois em cada dez trabalhadores por conta própria contribuem para a Previdência Social. Segundo ela, isso pode gerar, no futuro, uma grande massa de pessoas sem os benefícios da seguridade social. "É um dado preocupante porque, ainda que muitos nesse grupo já estejam aposentados, essa não é a situação de boa parte dos trabalhadores por conta própria. São pessoas que não recolhem Previdência e não vão poder se aposentar no futuro. Elas acreditam que a contribuição pesa no orçamento de quem saiu em busca de uma composição de renda", disse.