Déficit nas transações do país com o exterior em março é o maior da série histórica

28/04/2008 - 13h57

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O resultado negativo dosaldo em transações correntes (todas as movimentaçõesdo Brasil com o exterior), no mês de março e notrimestre, de US$ 4,429 bilhões e US$ 10,757 bilhões,respectivamente, foi o maior para esses períodos desde oinício da série histórica do Banco Central, de1947. A projeção do Banco Central é de que emabril o déficit chegue a US$ 2,8 bilhões e, no ano, aUS$ 12 bilhões. A próxima revisão de projeçõesdo Banco Central será feita em junho.De acordo com o chefedo Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, esseresultado é influenciado, principalmente no mês demarço, pela redução do saldo comercial(exportações menos importações) e peloaumento das remessas de lucro e dividendos de empresas estrangeiras no Brasilpara o exterior. Segundo Lopes, ocrescimento das remessas ao exterior – no valor de US$ 8,662bilhões no trimestre, bem maior dos que os US$ 3,965 bilhõesregistrados no mesmo período do ano passado – ocorre devidoà apreciação do real frente ao dólar, oque torna o valor enviado mais elevado. Outro fator é oaumento do estoque de Investimento Estrangeiro Direto e em ações,ou seja, as empresas estrangeiras investem, têm lucros e enviampara o exterior. "Quando se tem uma economia crescendo de formasignificativa, você tem uma rentabilidade expressiva e issoleva a mais remessas.” Lopes citou ainda que,com a crise na economia internacional, as empresas estrangeiras noBrasil remetem recursos para cobrir dívidas no exterior. "Ossetores que mais remetem são financeiro, automotivo emetalúrgico. Os dois primeiros têm uma rentabilidadeexpressiva na economia doméstica e têm enfrentadodificuldades mais pronunciadas no exterior. Portanto, há nesseprocesso a possibilidade de remessas para cobertura de necessidadesde recursos no exterior".Lopes explicou que essedéficit é coberto pela entrada de InvestimentoEstrangeiro Direto (IED) no Brasil, que no primeiro trimestre do anochegou a US$ 8,799 bilhões. Segundo ele, as empresasmultinacionais que investem no Brasil são também as quemais remetem recursos ao exterior. Para o chefe doDepartamento Econômico do BC, não é arriscadodepender do capital externo para financiar o déficit emtransações correntes. "Já vivenciamoscoisas expressivamente piores: déficit de transaçõescorrentes insustentáveis e sem fluxo de recursos. Hoje, temosdéficits perfeitamente sustentáveis e financiáveis.A economia brasileira atingiu um patamar de atração derecursos sustentáveis que é muito importante. Por maisque se tenha resultado deficitário, você tem uma fontede financiamento assegura”.