Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A probabilidade de quepressões inflacionárias inicialmente localizadas venhama se disseminar por toda a economia aumentou. A avaliaçãoestá na ata da reunião do Comitê de Política Monetária(Copom), divulgada hoje (24). Na reunião, realizada nos dias 15e 16 deste mês, o comitê decidiu elevar a taxa básicade juros, a Selic, de 11,25% para 11,75%, em uma atuaçãoconsiderada pelo BC preventiva contra a inflação. Para a autoridade monetária, é importante atuar no estágio inicial da inflação, antes que se dissemine por toda a economia. O comitê reiterouque há um descompasso entre oferta e procura por bens eserviços. “O aquecimento da demanda e do mercado de fatores,bem como a possibilidade do surgimento de restrições deoferta setoriais, podem ensejar aumento no repasse de pressõessobre preços no atacado para os preços ao consumidor”.Para o colegiado,esse repasse e a generalização de pressõesinflacionárias dependem das expectativas dos agenteseconômicos para a inflação. De acordo com o comitê,nas últimas semanas essas expectativas aumentaram. “A prudênciapassa a ter papel ainda mais importante, nesse processo, em momentoscomo o atual, caracterizado pela deterioração dadinâmica inflacionária corrente e esperada. Nas atuaiscircunstâncias, existe o risco de que os agentes econômicospassem a atribuir maior probabilidade a que elevaçõesda inflação sejam persistentes, o que implicariaredução da eficácia da implementaçãoda política monetária”, informa o documento. O comitê tambémressaltou que continuará a acompanhar atentamente a evoluçãoe expecativas de inflação e estará “pronto aajustar a postura de política monetária de forma aevitar a consolidação de um cenário no qualreajustes pontuais se transformem em reajustes persistentes ougeneralizados de preços”.A expectatvia do BC éde que nos próximos meses o crescimento do crédito e aexpansão da massa salarial real devem continuar impulsionandoa atividade econômica. Outros fatores citados que sustentam ademanda são os efeitos das “transferênciasgovernamentais e de outros impulsos fiscais esperados para este epara os próximos trimestres".“Essas consideraçõesse tornam ainda mais relevantes quando se levam em conta os nítidossinais de demanda aquecida e o fato de que as decisões depolítica monetária terão impactos concentradosno segundo semestre de 2008 e em 2009”.O Copom assinala ainda que os investimentos para ampliar a capacidade produtiva são importantes para atender à demanda, mas ainda precisam se cosolidar. "A contribuição do setor externo para um cenárioinflacionário benigno, diante do forte ritmo de expansão da demanda doméstica,parece estar se tornando menos efetiva, em um momento no qual os efeitos doinvestimento sobre a capacidade produtiva da economia ainda precisam seconsolidar"