Brasil doará armas e equipamentos militares para Guiana e Suriname

24/04/2008 - 16h27

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil vai doar equipamentos militares às Forças Armadas da Guiana e do Suriname. Acordos de cooperação na área de Defesa assinados nesta semana prevêem que o Brasil, além de doar fardas e armas, intensifique a oferta de cursos gratuitos nas escolas militares para oficiais dos dois países.

Os acordos foram assinados pelo ministro Nelson Jobim com os presidentes Bharrat Jagdeo (Guiana) e Ronald Venetiaan (Suriname). Ontem (23), na entrevista coletiva em que anunciou o reajuste dos soldos dos militares brasileiros, Jobim explicou que a negociação não estabeleceu qualquer contrapartida dos governos vizinhos.“Acordos internacionais não são negócios de bodega. Não podemos raciocinar que acordos internacionais sejam algo em que alguém dá alguma coisa e recebe outra. Isso faz parte das relações internacionais e da grandeza do Brasil. Somente os pequenos é que podem pensar que as relações internacionais se façam sempre no troca-troca”, afirmou o ministro.Para a Guiana, o acordo prevê doação de equipamentos militares, incluindo rifles de precisão, geradores e câmaras de vigilância para instalações e rádio de comunicação. O Brasil ainda discute a possibilidade de reformar o único navio guianense, considerado essencial no combate à pirataria e outros ilícitos.

Já o documento firmado com o Suriname prevê que o Brasil doe fardas e contêineres que servirão de alojamento e refeitório  para as tropas locais. E também a reforma dos blindados daquele país, modelos Cascavel e Urutu. Neste acordo está prevista a intensificação do exercício de patrulhas conjuntas na fronteira dos dois países e o compartilhamento de informações obtidas pelos satélites brasileiros. “Já tínhamos decidido isso antes do encontro. A fiscalização da fronteira interessa aos dois países, mas não tem nada a ver com a necessidade do Suriname de dispor do material que tínhamos e que entregamos. O Brasil é um país grande e, sendo assim, precisa compreender os países pequenos”, disse Jobim.

Há duas semanas, o comandante da 8ª Região Militar, general Jeannot Jansen Filho, classificou os quase 1.200 quilômetros que limitam o território brasileiro com a Guiana e o Suriname como “a fronteira brasileira não-ocupada”. Segundo o general, que disse necessitar de mais equipamentos para patrulhar a região, a ausência do Estado brasileiro na região tem favorecido “de forma inegável”, a prática de crimes como o tráfico de minério, de pessoas, armas e drogas, entre outras atividades ilícitas.Além de buscar maior interação militar com os dois países fronteiriços, na viagem no início da semana, Jobim discutiu com autoridades locais a proposta brasileira de criação do Conselho Sul-Americano de Defesa.Ouça o que diz o ministro: