Para Jucá, proposta para terra indígena "soluciona questão sem criar problemas"

23/04/2008 - 18h06

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disseque sua proposta com relação à demarcação daTerra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) seria uma soluçãoa ser avaliada pelo governo federal.“Apresento umaestratégia que solucione a questão sem criar problemaspara o governo, para os índios ou para o desenvolvimento deRoraima”, afirmou Jucá ao chegar àcerimônia de posse do novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.A proposta de RomeroJucá é manter a reserva contínua e jádemarcada, excluindo quatro áreas: o Vale do Arroz, onde estãoos produtores; as terras destinadas à construçãoda Hidrelétrica de Cotingo; a área da Vila Surumu, ondefoi montada uma base de resistência por moradores quando aOperação Upatakon 3 - realizada pela Polícia Federal para retirada de não-índios da região - ainda estava em curso; e ainfra-estrutura turística existente no Lago do Caracaranã.“Minha propostamantém a área contínua, o perímetro dademarcação e exclui áreas potencialmenteimportantes para o estado que representam espaço irrisórioperante os 1,7 milhão de hectares demarcados”.O senador tambémexplicou o porquê de não ter apresentado a proposta aocomitê gestor do governo federal em Roraima. “A proposta foicolocada a todos os ministros da Justiça que passaram pelocargo e ao presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva]. Não tratei com o representante Nagib [JoséNagib Lima]porque não estava na alçada dele resolver a questão.”Hoje (23), em entrevista àAgência Brasil, o coordenadorexecutivo do comitê gestor do governo federal em Roraima, JoséNagib Lima, afirmou que Jucá ainda não tinha procurado "as instâncias administrativas do governo comessa proposta".Também presente à cerimônia do STF, o senador AloizioMercadante (PT-SP) não criticou diretamente a demarcaçãoda terra indígena em área contínua, masressaltou que o governo precisa “combinar” a garantia daidentidade cultural dos povos indígenas com as necessidades deoutros brasileiros que vivem na região amazônica.“Temos 210 mil índiose 24 milhões de brasileiros que foram para lá [Amazônia] em busca de oportunidades. Temos que combinar a garantiado direito dos povos indígenas com políticas para aampla maioria de brasileiros que não tem tido a atençãonecessária do Poder Público.”Mercadante defende quea Amazônia esteja incluída em um plano nacional dedesenvolvimento econômico. “Não dá para termosa ingenuidade de tratar a Amazônia fora de um projeto dedesenvolvimento. A região precisa de políticaindustrial, política de serviços, políticaagrícola e também de preservaçãoambiental”, afirmou o senador.