Bianca Paiva
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - A capital federal ocupa onono lugar no ranking dos municípios com o maior númerode assassinatos. Em 2006, houve 769 vítimas dessetipo de crime. Segundo o Mapa da Violência nos Municípios, a capital federal também foi a décima cidade do país commaior índice de homicídios entre jovens, com 303mortos no mesmo ano. Segundo a Secretaria de SegurançaPública do Distrito Federal, no entanto, a criminalidade vem caindo no DF.De 2006 para 2007 a redução foi de 5,4%. De acordo com osociólogo Antônio Flávio Testa, a explosãoda criminalidade pode ser atribuída à ocupação rápidada cidade. Ele explica que quando a capital foi transferida paraBrasília não houve preocupação com aregião do entorno. A falta de infra-estrutura e a indefiniçãode atribuições entre os governos de Goiás e doDistrito Federal também favoreceram o crescimento daviolência. "A violênciatambém decorre da incapacidade que o estado tem de criarcondições de vida digna, para a populaçãodo entorno que se obriga a migrar para a capital e a trabalhar emcondições extremamente desfavoráveis. Asfamílias acabam deixando seus filhos abandonados porque asprefeituras não oferecem creches e lazer e o crime acabacapturando essas cranças. Essas regiões acabam setornando áreas sem governo, muito propícias para asquadrilhas se instalarem”.Segundo o Mapa daViolência, dos 21 municípios do entorno, dez estãona lista das cidades com as maiores taxas médias de homicídiosdo país. Por causa do alto índice de violência naregião a Força Nacional de Segurança Públicafoi acionada. Cerca de 150 homens atuam desde 19 de outubro em quatrocidades: Luziânia, Valparaíso, Cidade Ocidental e NovoGama. O município da região que lidera o ranking deassassinatos é Luziânia, onde fica a base das tropas. E foi lá que apedagoga Gláucia de Sales Alves, de 34 anos, perdeu o irmão,Geraldo Alves Júnior de 40 anos, no dia 21 de março. Oprofessor universitário foi assassinado a pauladas na porta decasa, por quatro bandidos, entre eles dois menores. Todos forampresos. “Tiraram a vida domeu irmão para pegarem o carro e ir a uma festa no Novo Gama.Que levassem o carro, mas deixassem ele. E os adolescentes, vãoficar quanto tempo cumprindo medidas sócio-educativas? A gentesabe que eles não ficam muito tempo e ainda saem com a fichalimpa. E a nossa família? A gente perdeu o chão, osentido da vida”.Na opinião dePedro Testa, é possível que a violência noentorno continue, mesmo quando a Força Nacional deixar aregião. Para ele, o governo investe mais na repressãodo que na prevenção e seria preciso dar o mesmo peso àsduas formas de combate à criminalidade.O secretárioadjunto de Segurança Pública do DF, PedroCardoso, concorda. “A prevenção é um dossetores mais complicados de se atuar em segurança públicaporque envolve escola, família, participação dasociedade. Não é só uma atuaçãopolicial. Infelizmente a repressão só nos resta fazerquando já falhou tudo isso”.O governo local prometealgumas medidas pontuais para o combate à violência noDF. Entre elas, a instalação de 300 postos policiais ede câmeras para monitorar os locais mais violentos.Já ogoverno federal prometeu no ano passado aplicar recursos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, oPronasci, na região.